segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Capítulo 31 = Trocando histórias e revelando segredos


Apesar do cansaço, acordei cedo no dia seguinte, e vi que Sam já acordara. Ele estava sentado em um canto, comendo uma maça, e parecia perdido em pensamentos. Ao lado dele, várias frutas repousavam.
Quando me aproximei, ele voltou-se em minha direção e sorriu.
- Bom dia. Dormiu bem?
- Bom dia – retribuí o sorriso. – Dormi sim, e você?
- Nem um terremoto teria me acordado essa noite – e nós dois rimos.
Sentei-me ao seu lado e ele me ofereceu uma pera.
- Quer? Peguei várias em uma árvore que encontrei aqui perto.
Aceitei e dei uma mordida na fruta. Ela estava bem doce, do jeito que eu gostava, e comi com prazer.
Então me veio um pensamento.
- Sam, posso fazer uma pergunta?
- Claro.
- Depois da nossa briga na vila dos duendes, o que vocês fizeram? Para onde foram?
A pergunta pareceu pegá-lo de surpresa, por isso ele demorou um pouco para responder. Depois, respirou fundo e disse:
- Assim que saímos do bosque, tanto eu quanto Jú estávamos confusos com o que acabara de acontecer. Desde que descobrimos o que somos, temos tentado encontrar um bom momento para contar a você. Mas esse momento nunca chegava, e quando descobrimos que você era uma feiticeira, tudo ficou de cabeça para baixo. Foi estranho saber que não éramos os únicos que também escondíamos um segredo. Mas foi ao mesmo tempo um alívio.
Ele prosseguiu:
- Depois que você foi embora no dia em que transformou Anna em sapo, decidimos que contaríamos a você na manhã seguinte. Mas você chegou e começou a falar sobre a busca, e não conseguimos te contar. Quando você estava no sótão, conversei com Jú. Queríamos te contar o mais rápido possível, só que ela disse que não seria um bom momento. Era melhor esperarmos a busca acabar para depois te contar. Mas não saiu como planejamos. Na Islândia, descobri que eu não pegava fogo. Fiquei surpreso, e conversei com você. Só então eu soube o que eu era de verdade. Antes, pensava que eu era uma aberração.
- Sei como é isso. É o que eu sempre senti na Goode.
Nesse momento, Sam pareceu sentir-se culpado.
- Sinto muito.
- Não sinta – eu disse, dando os ombros. – Já me acostumei.
Sorri, e fiquei surpresa quando ele passou o braço esquerdo por cima de meus ombros e me puxou para perto dele, me abraçando.
- Não acho justo você ter passado por tudo isso – ele murmurou.
- Quem disse que a vida é justa?  - eu ainda estava um pouco aturdida, mas já me sentia mais calma, o que foi estranho, pois eu não estava nervosa. Não entendia como, mas ficar perto de Sam sempre me deixava mais feliz, de dava uma sensação boa...
De repente, foi como se eu tivesse encaixado a última peça do quebra-cabeça, e consegui ver a imagem que ele formou. Lembrei-me de quando eu estava em minha “luta por pensamento” com Morlogol. Quando passou aquele monstro em chamas correndo. Finalmente eu tinha entendido o que naquele guarda me era tão familiar. Não fora ele, mas o que continha nele. O fogo. Fora o fogo que me despertara e me dera aquela sensação boa. Pois aquele fogo havia sido lançado por Sam, e quando o monstro passou correndo por mim, senti a presença dele, o que fez com que eu me sentisse melhor e conseguisse raciocinar. Agora sim fazia sentido!
Ignorando a grande revelação que fizera, voltei-me para Sam.
- Continue. E depois? O que houve?
Ele pareceu desorientado por dois segundo, mas depois sorriu e disse:
- Não consegui falar com Jú depois da luta com a quimera e, mesmo você tendo esclarecido muito as coisas, eu ainda estava um pouco confuso. Depois teve meu treinamento com Max, e decidi ainda não mostrar tudo o que eu sabia, embora ele tenha me ajudado a aumentar minha força, facilitando para que a transformação em quimera acontecesse.
- Quando conseguiu se transformar em quimera pela primeira vez? – indaguei curiosa.
- Foi depois que saímos do bosque da vila dos duendes. Quando você se teletransportou, nós dois ficamos sem saber o que fazer. Não tínhamos ideia de como chegaríamos à caverna de Morlogol, e estávamos um pouco abalados com a briga. Ficamos em silêncio pelo que me pareceram horas, cada um com seus pensamentos. Quando resolvemos que já era o momento de fazer alguma coisa, conversamos sobre o que deveríamos fazer. Apesar do que havíamos dito, ainda éramos amigos, e prometêramos te ajudar até o fim da busca. Queríamos ir para a vila, para ver se poderiam nos ajudar, mas já anoitecia, por isso tivemos que esperar até o amanhecer. Apesar disso, nenhum de nós dois conseguiu dormir. Então aproveitamos para treinar. Jú pegou os alvos que tinha comprado na aldeia e começou a treinar. Eu resolvi tentar a transformação. Admito que não foi fácil. Você não imagina cada coisa que eu virei antes de conseguir chegar a uma quimera...
Imaginando a cena, não consegui segurar uma risada, e Sam me acompanhou. Acho que fizemos muito barulho, pois senti alguém se aproximando e logo ouvi:
- O que é tão engraçado? – e Jú saiu da sombra onde estivera dormindo.
- Bom dia – eu e Sam falamos.
- Bom dia – ela respondeu.
- Estava falando para Safí sobre minhas primeiras transformações em quimera – meu amigo contou a ela, lhe jogando uma maça.
Ela a pegou e sorriu.
- Suas “quase” transformações, você quer dizer – e se virou para mim. – Fiquei com dor de barriga de tanto rir, Safí, você não tem noção.
Imaginei novamente a cena, mas desta vez senti uma pequena pontada de ciúmes. Naquela noite, enquanto eu pensava neles com poucas esperanças, os dois se matavam de rir. Tentei ignorar, mas meus dois amigos perceberam.
- Safí, não deixamos de pensar em você – Jú disse, pegando minha mão. – Estávamos muito mal com a briga, e queríamos mais do que tudo falar com você e pedir desculpas. Quando amanheceu, fomos direto para a vila dos duendes, e depois de comer um pouco, fomos conversar com Luvk. Nós o encontramos na loja de ferramentas onde trabalhava, e lhe contamos sobre nossa situação. Ele ouviu tudo com atenção, e depois disse que poderia nos ajudar. Ele disse que conhecia um feiticeiro em Waterford que talvez pudesse nos teletransportar para a caverna de Morlogol. O nome dele era Keegan. Só tínhamos que dizer que Luvk nos enviara e pronto. Perguntamos com poderíamos acha-lo, e ele disse que mandaria uma carta para o feiticeiro avisando para que nos encontrasse em uma determinada praça da cidade. Luvk não poderia ir conosco, mas nos levou até uma parte da vila onde tinha um teletransportador. Só que ele só poderia nos levar para cidades na Irlanda, por isso não poderíamos usá-la para chegar à caverna. Nos teletransportamos até Waterford e fomos até a praça.
- Nós dois nos lembramos de você quando ele falou sobre Waterford, e isso só nos deu mais esperanças de que te acharíamos – falou Sam. – Esperamos o feiticeiro chegar, e nos tocamos de que não fazíamos ideia de como ele seria. Um garotinho que deveria ter uns dois anos passou correndo por nós. Parecia estar brincando com o pai, e ria enquanto corria pela praça. Ficamos admirando a felicidade dos dois, lembranças de casa nos inundando. Lembrei-me de quando eu tinha essa idade, e de meu pai brincando comigo. Nesse momento, o garoto, que descobrimos chamar-se Norlan, tropeçou em um desnível do chão, e Jú correu para pegá-lo antes que ele caísse no chão. Até eu fiquei um pouco aturdido com ela ter se levantado e corrido de repente, imagina então o menino! Ele começou a chorar com o susto, e o pai se aproximou, preocupado. Ele vira o jeito que Jú salvara seu filho, e parecia pensativo. Fui até eles e o homem pegou o garoto. Ele agradeceu a ela e se apresentou. Seu nome era Keegan. Dissemos nossos nomes e ele disse que era um prazer nos conhecer. Na hora, entendemos que ele era o feiticeiro. Tanto eu quanto Jú podíamos sentir seu poder e dissemos que Luvk havia nos enviado. Ele sorriu e disse que poderia nos ajudar.
- Keegan era loiro e tinha olhos verdes, assim como seu filho – descreveu Jú. - Ele nos convidou para ir para sua casa, mas dissemos que estávamos com pressa. Ele insistiu e finalmente aceitamos, mas teríamos que partir ao anoitecer. Keegan disse que tudo bem e nos levou para sua casa. Era linda! Alta, era branca com o telhado azul escuro e grandes janelas, além de um lindo jardim. Sua esposa, Maire, nos recebeu. Ela também tinha olhos verdes, mas tinha cabelos castanhos. Lá, comemos e conversamos um pouco. A lua já brilhava no céu quando nos despedimos deles e agradecemos. Então Keegan fez o feitiço para nos teletransportar para a caverna, e nos escondemos em uma das montanhas. Dormimos e de manhã fomos dar uma olhada na caverna de Morlogol. Não vimos você lá, e decidimos esperar até o dia seguinte. Foi o que fizemos. Treinamos um pouco mais, até que Sam já conseguia se transformar em quimera na primeira tentativa, e eu já estava bem mais rápida e minha mira já melhorara bastante.
- Na manhã seguinte fomos de novo olhar a caverna, e vimos que não tinha mais nenhum guarda – falou Sam. - Achamos estranho e entramos. Encontramos Max sozinho lutando com os monstros, e quando conseguimos falar com ele, ele disse que você tinha ido para a sala de Morlogol. Nós o ajudamos a derrotar os monstros, o que levou bastante tempo, e coloquei fogo em vários guardas. Você sabe que eu consigo sentir o que os seres ao meu redor sentem. Eu estava na forma de quimera, no meio de uma luta com um dos guardas, quando senti alguém gritar de dor, e na hora soube que era você. Nesse momento, soltei um rugido, quase matando de susto o guarda que me enfrentava. Depois disso, matamos os monstros o mais rápido que podíamos e fomos para a sala de Morlogol. Pelo jeito, chegamos bem a tempo, e Jú atirou uma flecha em Morlogol, te salvando. O resto você já sabe.
Fiquei por um tempo pensativa, assimilando tudo o que acabara de ouvir.
- Mas em nenhum momento, Safí, deixamos de pensar em você – comentou Jú. – E ficamos tentando adivinhar se você também pensava em nós.
Na hora em que viram minha expressão, souberam que eu tinha pensado a mesma coisa.
Então me lembrei de algo. No dia em que brigamos, na hora em que fui dormir, eu me perguntara se eles pensavam em mim do mesmo jeito que eu pensava neles. Algo dentro de mim me disse que sim. Eu concluíra que não conhecia meus amigos tão bem quanto pensava. Eu estava errada. Assim como eles sabiam tudo sobre mim, eu também os conhecia muito bem.
Sorri, e os dois retribuíram o sorriso.
Nesse momento, senti alguém mais se aproximar, e vi que era Topázio. Ela nos cumprimentou e Sam lhe deu uma pera. Ela agradeceu e pediu se eu poderia contar sobre como fora a busca, começando pelo meu feitiço em Anna. Contei a ela tudo, Jú e Sam me ajudando, completando com algumas partes que eu esquecia. Terminei na parte em que ela se juntara a nós. Eu a fiz rir quando contei que pensara que os raios que ela lançara viessem de Max.
Então chegou a vez dela de nos contar sua história.
- Tudo começou naquele sábado em que você foi para a Magia High School depois do que aconteceu na sua escola humana. Vi você e Âmbar conversando, e quando passei perto de vocês ouvi você dizendo as palavras “e sem querer a transformei em um sapo”. Achei que seria um ótimo desaforo para zombar de você – ela disse, envergonhada e arrependida – e me escondi do outro lado do pátio para ouvir – a grande habilidade de Topázio era a grande audição que ele tinha. - Quando você terminou de falar, eu ainda não tinha entendido direito o que acontecera, e vi que você fez Âmbar prometer que não persistiria em ir junto. Comecei a achar que essa história poderia ficar interessante, e quando você estava indo embora, fiquei na sala e olhei da janela, ouvindo você se despedir de Âmbar. Depois disso, fiquei o tempo inteiro atrás dela para descobrir quando você entraria em contato com ela para falar da busca. Finalmente isso aconteceu, só que sem querer ela percebeu que eu estava ouvindo, e, rápida como ela é, parou de falar com você na mesma hora. Ela me deu uma grande bronca, que ignorei, e disse coisas que, para a minha surpresa, me atingiram profundamente.
- O que ela disse? – perguntei cautelosa
Topázio respirou fundo e olhou para as mãos.
- Ela disse que eu era uma metida arrogante, que ficava na cola dos outros porque não tinha nada melhor para fazer na vida. Falou que eu era uma azarada, pois não tinha nenhum amigo de verdade, só “seguidores”, que na primeira oportunidade me abandonariam. Ela me olhou com desprezo e disse que eu seria sozinha para o resto da vida se não mudasse meu jeito de ser. Então saiu, e, depois da aula, não fui para casa. Escondi-me em uma caverna que encontrei e me recolhi lá, dividindo meus pensamentos com a escuridão. Chorei até não ter mais lágrimas, e não fui para a escola no dia seguinte. Não teria coragem de encará-la novamente. Por fim, decidi que era hora de mudar meu jeito de ser, tentar tornar-me uma pessoa melhor. Fiquei naquela caverna por vários dias, e fazia aparecer comida quando estava com fome. Tirei aquela roupa ridícula, e depois fui até minha casa. Peguei um livro de feitiços e voltei para a caverna. Treinei diversas vezes o feitiço de teletransporte, e quando cheguei à conclusão de que já conseguiria, me teletransportei para minha casa. Deixei um bilhete para meus pais dizendo o que acontecera comigo e o que eu faria. Eu te ajudaria na busca. Era muito covarde para falar com Âmbar, mas achei que poderia falar com você e pedir desculpas. Calculei que você deveria estar nos últimos ingredientes, e teletransportei-me para a caverna de Morlogol. Matei vários monstros e cheguei à sala onde vocês estavam.
Percebi que ela derrubara algumas lágrimas, e as enxuguei e a abracei. Ela soluçou e retribuiu o abraço.
- Sinto muito por tudo de ruim que eu já fiz e disse para você, Safí.
- Está perdoada, Topaz.
Nos afastamos e olhei bem em seus olhos verdes. Ela realmente estava arrependida, e queria ser minha amiga. Não consegui impedir que um sorriso se formasse em meus lábios.
Nesse momento, Max juntou-se a nós – ele é muito dorminhoco – e decidi que já era a hora de fazer a poção do esquecimento. Fiz aparecer um caldeirão e o pote com os ingredientes.
- Canaro zaloi!
Coloquei cada ingrediente com cuidado no caldeirão e peguei minha varinha.
- Derkuna erkutzen! – e todos os ingredientes de misturaram.
O resultado foi um líquido esverdeado por causa do bafo de múmia. Agora era só vaporizar aquilo e teletransportar para todo os Estados Unidos, que eu sabia que era a única parte que tinha consciência, por enquanto, da nossa existência. Eu fizera a poção de modo que nenhum feiticeiro fosse afetado.
Voltei meu olhar para Max. Ele me incentivava com o olhar, como que dizendo que ficaria do meu lado independente de minha decisão. Eu não lançaria o feitiço nele, isso eu já decidira.
Então, olhei para Jú, Sam e Topázio. Apesar de não serem humanos, se eu quisesse poderia fazê-los esquecerem de tudo sobre a busca, e Sam e Jú até se esqueceriam do fato de eu ser feiticeira. Tudo seria como antes, e nunca teríamos tido aquela briga no bosque. Eu saberia que eles eram arqueira e mago-animal, mas eles não saberiam que eu era feiticeira. Eu poderia contar a eles com calma, explicar tudo desde o começo...Mas será que eu realmente queria isso?
Pensei por um instante.
Não. Eu não queria.
Ergui minha varinha e murmurei:
- Vhor nynik! – e a poção começou a vaporizar.
O líquido se começou a borbulhar e virou vapor. Depois de dois minutos, toda a poção já virara vapor. Reuni-o em uma bola e concentrei-me. Tinha que teletransportar aquele vapor para os Estados Unidos. Primeiro fiz com que mudasse de cor, para que não chamasse a atenção. Depois reuni todo o meu poder e, quando eu abri a boca para murmurar o feitiço, senti três mãos em meu ombro e algo roçar em minha perna. Meus amigos estavam comigo, mesmo na hora de consertar meus erros. Não pude deixar de sorrir, e fechei os olhos. Senti o poder dos três junto do meu, e liberei tudo em uma única palavra:
- Teleportus!
Um raio multicolorido saiu da ponta de minha varinha. Misturava dourado, laranja, marrom, branco e azul. Ele atingiu o vapor, e este começou a ser consumido. Em poucos segundos, desapareceu. Joguei-me no chão, cansada. Meus amigos fizeram a mesma coisa, e ficam nós cinco deitados no chão da caverna, arfando. Jú foi a primeira que tomou coragem para levantar-se, depois foi Sam, seguido por mim, Topázio e Max.
Jú saiu para pegar algumas frutas – ela era a mais rápida – e, depois de comermos e recuperarmos a energia, peguei minha varinha.
- Vamos, gente, está na hora de ir para casa.
°°°
Fiz o feitiço de teletransporte e, quando abri os olhos, estava no quintal da minha casa. Ouvi vozes vindo da sala, e calculei de deveria ter mais de seis pessoas lá dentro. Estranho.
Troquei um olhar com meus amigos e entramos em silêncio. Chegamos à porta da cozinha e ouvimos.
- Eles já devem estar voltando. Fique tranquila, Turquesa – minha mãe falou, e a única pessoa que eu conhecia com esse nome era a mãe de Topázio.
- Diamante está certa, e eles já são bem grandinhos, sabem se cuidar – argumentou uma voz que parecia com a de Mary, a mãe de Jú. O que estava acontecendo?!
- Além do mais, todos eles têm poderes para se defender – acrescentou Lauren, mãe de Sam.
- Diferente de alguns de nós – riu Matthew, pai de meu amigo, referindo-se a ele, a esposa e a Mary.
- Eu os vi essa noite em um sonho – comentou minha avó.
- Sério? – indagou meu pai. – E o que estavam fazendo?
- Primeiro vi Safíra e Sam conversando, depois Juliana surgiu das sombras e se juntou a eles.
- Essa é minha garota! – exclamou orgulhoso o pai de Jú, David, fazendo minha amiga corar.
- Logo em seguida – continuou minha avó – apareceu Topázio e se juntou a eles, e depois minha neta a abraçou.
- Então ela conseguiu! – comemorou em voz baixa Tyler, pai de minha ex-inimiga.
O que nossos pais estão fazendo todos juntos na sala da minha casa?! Troquei um olhar com meus amigos, e teríamos continuado ouvindo o que eles diziam se minha mãe não tivesse falado:
- Se vocês entrarem, poderemos explicar.
Ela tinha lido minha mente. Droga.
Entramos juntos na sala, e senti todos os olhares sobre nós. Cada pai e mãe olhava para seu filho. Então se seguiu uma série de comemorações. Jú correu até sua mãe e seu pai, Tyler e Turquesa acolheram Topázio de volta com os braços estendidos, Sam quase quebrou os ossos dos pais com um abraço e minha família – meu pai, minha mãe, minha avó e Ruby, que estivera sentada quieta escutando – levantou-se e abraçou a mim e Max. Eu nem conseguia acreditar que tínhamos voltado daquela busca.
- Você cumpriu sua promessa, Safí – comentou Ruby, feliz.
Concordei e retribuí o sorriso.
- Seja bem-vinda, Safíra – falou meu pai.
- É bom estar de volta.
°°°
Nós comemos e nos acomodamos em minha sala, que pela primeira vez pareceu pequena. Jú sentou-se de pernas cruzadas no canto do sofá de três lugares, e eu fiquei no chão sentada aos pés dela, encostada no sofá. Sam sentou-se do meu lado e minha irmã em meu colo. Topázio ficou do lado de Jú, em cima do sofá, e Max ao lado dela. Meu pai, Tyler e Matthew estavam apoiados na bancada da cozinha que dava para a sala; Mary e Lauren dividiam o sofá de dois lugares; minha avó e minha mãe sentaram-se em duas cadeiras que puxaram da cozinha; o pai de Jú encostou-se à parede que dava para a escada; e a mãe de Topázio apoiou-se na parte de trás do sofá, fazendo carinho na cabeça da filha.
Então contamos a eles sobre a busca, do começo ao fim. Max escutou atentamente a parte de Topázio, Jú e Sam, pois não ouvira quando eles me contaram – estava dormindo. O sol já se punha quando terminamos, e foi a vez deles falarem.
- Nossa vez de fazer as perguntas – declarou Sam.
- O que fazem aqui? – indagou Topázio.
Como foi ela que fez a pergunta, os pais dela que começaram a contar.
- Assim que vimos seu bilhete, filha – começou Tyler – viemos para a casa de Diamante e Will para perguntar sobre essa busca. Você nos deixou muito preocupados com seu sumiço, e queríamos saber o que estava acontecendo.
- Contamos aos pais de Safíra sobre a sua partida, e eles nos explicaram os motivos da busca e todo o resto – falou Turquesa. – Ligávamos aqui todo o dia para ter notícias de vocês, e hoje combinamos de vir aqui, pois Esmeralda previu que poderiam voltar hoje.
Topázio assentiu, pensativa. Apesar da chata que ela fora, seus pais sempre foram muito legais.
Jú olhou para sua mãe, e depois para seu pai, e ficou encarando-o, com que pedindo para ele dizer a verdade. Tiveram aquela conversa silenciosa que eu e Ruby às vezes temos, e David falou:
- Nunca te contei sobre o que era, pois todo o arqueiro precisa descobrir sozinho sobre sua identidade. Foi assim também comigo, e é o melhor jeito, pois quando você busca por respostas, em vez de recebê-las de bandeja, seu conhecimento é maior – a mãe dela concordou, e Jú balançou a cabeça lentamente, absorvendo o que o pai dissera.
- Quanto a você, Sam – Matthew começou – prometi a mim mesmo que te contaria quando completasse 15 anos, pois já estaria maduro o suficiente. Você completará daqui quatro meses, por isso continuei em silêncio. Se quiser saber, só descobri que meu pai era um mago-animal quando tinha 24 anos. Vi seu avô lançar uma bola de fogo na lareira, e pedi explicações, senão sabe-se lá quando ele me contaria. Ele me disse que eu não era um mago-animal, mas que meu filho ou minha filha seria, e que admito que isso me deixou preocupado. Mesmo assim, acho que foi bom você ter descoberto sozinho, assim entenderá mais facilmente seus poderes.
Lauren assentiu, e Sam mordeu o lábio inferior, perdido em pensamentos.
Agora era a vez de meus pais falarem.
- Qual foi esse “jeito” que vocês deram nos pais de Jú e Sam para podermos partir para a busca?
Minha mãe sorriu com minha desconfiança.
- Não precisamos fazer muita coisa, querida. Falamos apenas sobre a busca. Por incrível que pareça, eles já sabiam do nosso segredo.
- O quê?! – exclamamos juntos eu, Jú e Sam.
- Como é que nunca nos contaram? – perguntou minha amiga, perplexa.
- Vocês já sabiam – filosofou o pai de Jú, nos deixando ainda mais confusos.
- Explique-se – ela pediu.
- Desde que vocês dois conheceram Safíra, já sentiam no fundo que ela não era humana, apesar de não perceberem. Essa desconfiança foi só aumentando, até chegar ao ponto em que tinham certeza de que ela era uma feiticeira, e só precisavam que ela admitisse para que essa certeza se confirmasse. No momento em que vi Safíra e os pais dela, soube que eram feiticeiros – não me surpreendi quando ele disse isso. Jú tinha a mesma habilidade.
- E nós descobrimos por causa das mudanças em Sam – contou Matthew. – O fogo dele só seria desenvolvido mais tarde, e a única coisa que faria com que isso acontecesse mais cedo seria o convívio com a magia. Na hora, soubemos que ele tinha algum amigo ou amiga feiticeira, que mais tarde descobrimos ser Safíra.
Então me veio um pensamento. Achei estranho que os pais de Sam e a mãe de Jú não tivessem sido atingidos pela poção do esquecimento, e quando falei com minha avó, ela disse que nossa casa tinha uma barreira contra feitiços. Mais um segredo revelado.
Conversamos mais um pouco e, quando todos foram embora, já era de madrugada.
Entrei no meu quarto, coloquei meu pijama com um estalo de dedos e me joguei na cama. Há quanto tempo eu não dormia em cima de um colchão?
°°°
No dia seguinte eu tinha aula na Goode. Era sexta-feira, e eu estava ansiosa para ver como estavam as coisas lá.
Arrumei-me o mais rápido possível e, chegando à escola, vi que Sam já chegara. Conversamos um pouco e, enquanto andávamos pelo pátio, vi Anna. Ela conversava com uma das amigas chatas dela, e, quando me viu, lançou em minha direção um olhar de desprezo, e não de medo como antigamente.
Comemorei internamente, e a felicidade me inundou.
Então passaram por nós dois amigos de Sam, Caleb e Derek.
- E aí, gente? Beleza? – cumprimentou Caleb.
Assenti e Sam respondeu:
- Aham, e com vocês?
- Tudo de boa – respondeu Derek.
- Vocês estão sumidos! Que houve? – indagou Caleb.
Troquei um olhar com Sam e, antes que pudéssemos pensar no que responder, Jú chegou.
- Oi, pessoal!
Salvos pelo gongo! Jú leu minha mente e sorriu.
Nesse momento, Derek comentou:
- Fiquei sabendo que agora você faz parte dos sortudos, Sam.
- O que quer dizer? – perguntou ele, adivinhando a intenção do amigo.
- Como ele é como namorado, Safí? – provocou Caleb.
Juro que devo ter ficado da cor das mechas de Ruby, assim como Sam.
- Hein? – perguntei.
- Ele é muito ruim, não é? Sempre soube disso – falou Derek.
- Não...eu... – tentei argumentar, envergonhada, mas pareceu que só piorei as coisas.
- Então ele é um bom namorado? E ela, Sam? Como é?
- Hã...ela...
- Dá para vocês dois deixarem eles em paz?! – falou Jú para Caleb e Derek, um meio-sorriso nos lábios.
Ela puxou os dois pelo braço e os levou para o outro lado do pátio, virando-se rapidamente para piscar para mim e Sam. Um silêncio constrangedor pesou sobre mim e Sam. Mordi o lábio, e ele coçou a nuca nervoso.
- Não ligue para eles – Sam quebrou o silêncio. – Os dois são chatos mesmo.
- É, eu sei.
- E a respeito do que eles disseram...
- Fica tranquilo. Sei que não é verdade...
- Por enquanto – completou Sam.
Olhei-o surpresa, e ele deu um meio-sorriso.
- Safí, você é muito especial. Nunca se esqueça disso.
Uma confusão de sentimentos surgiu dentro de mim. Pensei em tudo o que havíamos passado juntos. Desde felicidades e risadas a tristezas e lágrimas. Lembrei-me de suas palavras na sala de Morlogol.
Nunca mais vou te deixar sozinha, Safí. Você tem a minha palavra.
- Você também é muito especial.
Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, Sam se inclinou e me beijou. Um beijo suave, e percebi que também era um pouco hesitante. Mas essa hesitação sumiu quando o retribuí.
Nesse momento, o sinal tocou, e nos afastamos. Jú nos alcançou na metade da escada, e percebeu que estávamos um pouco diferentes. Troquei um olhar com Sam. Agora tinha mais um motivo para ficar feliz.
°°°
Manhã de sábado, tomei meu café da manhã pensativa. Fazia tempo que não falava com Âmbar, e eu estava louca querendo saber das novidades, assim como ela deveria estar.
Nos teletransportamos para o Reino, e chegando à Magia High School, eu continuava perdida em pensamentos. Max caminhava ao meu lado em silêncio, e Topázio se aproximou. Abracei-a e começamos a conversar. Ela perguntou como havia sido na Goode, e lhe contei tudo. Incluindo o beijo. Ela sorriu e me deu os parabéns, me fazendo corar.
Subimos juntas até a sala, e no caminho muitos olhares se voltaram para nós. Várias seguidoras da antiga Topázio se aproximaram, mas ao verem a nova Topázio, uma que era sorridente, usava moletom e andava com uma garota nada popular, logo se afastaram. Alguns de meus amigos me pararam e perguntaram se eu estava louca, andando com a inimiga. Falei para eles sobre a nova Topázio, e logo minha ex-inimiga ganhou vários amigos. Entramos na sala e ficamos nós duas conversando com Opala. Com o canto do olho vi Âmbar entrar na sala e nos ver, então se aproximou. Deixou a mochila em cima de uma mesa ao lado da minha e fez um sinal para eu segui-la. Assenti, pedi licença para Topázio e Opala e saímos da sala.
Ela virou-se para mim, desconfiada.
- O que está acontecendo? Desde quando começou a andar com aquela chata?
- Você está confundindo aquela garota que nesse momento está conversando alegremente com Opala com aquela feiticeira que desprezava a todos.
- O que quer dizer?
- Ela me contou sobre a conversa que você teve com ela naquele dia que você a descobriu ouvindo nossa conversa. Acredite, as suas palavras mandaram a antiga Topázio embora. Ela está desaparecida, e fico feliz em dizer que ninguém tem a mínima vontade de acha-la. Além disso, as chances de encontra-la são mínimas, quase impossíveis. Venha conversar com a nova, vai gostar dela.
- Tem certeza de que não é tudo uma armação da nossa inimiga?
- Tenho provas o suficiente para confiar nela.
- Mesmo? Quais?
Então contei a Âmbar sobre a luta contra Morlogol, desde quando entrei na caverna até a o momento em que enterramos o feiticeiro. Quando terminei, ela sorriu.
- Sempre soube que conseguiria. Isso foi a única coisa que me impediu de quebrar minha promessa de não te ajudar. Se eu não confiasse em você e não tivesse certeza de que teria sucesso, já teria entrado nessa busca faz tempo.
Sorri.
- Obrigada por confiar em mim, Amby.
- Não há de quê. E quanto a Topázio... Bem, acho que talvez possamos ser amigas.
- É ótimo ouvir isso - meu sorriso aumentou, e eu a abracei. Depois a puxei para dentro da sala, em direção minha ex-inimiga. Ela viu Âmbar e seu sorriso murchou. Mordeu o lábio inferior, nervosa, e esperou nos aproximarmos.
- Âmbar, conheça a nova Topázio.
As duas trocaram um olhar, e Topaz falou:
- Sinto muito por todas as coisas horríveis que já disse e fiz para você, Âmbar. E obrigada por ter dito todas aquelas coisas. Aquelas palavras me colocaram no lugar. Não precisa ser minha amiga se não quiser, mas...
- Quem disse que eu não quero? Safíra me contou tudo o que você fez pela busca e por ela. Já não tenho mais razões para te detestar.
Topázio sorriu, e Âmbar retribuiu o sorriso. Olhei para as duas, feliz. Agora sim tudo estava resolvido.
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 A primeira aula foi de Feitiços e Poções. A Sra. Hanks era uma senhora atenciosa, só que nunca fui muito boa na aula dela. Mas agora, depois da busca, eu estava diferente. Estava melhor. Eu fizera muitas coisas que haviam mudado minha vida: transformara uma garota humana em sapo; descobrira que meus melhores amigos pertenciam ao Reino; lutara contra uma quimera; salvara um ogro de uma maldição; travara uma luta contra um grupo de múmias; destruíra uma pirâmide; enfrentara vermes do rio; conhecera uma vila de duendes; batalhara o maior dragão que existe; fizera e aprendera diversos feitiços; ganhara uma luta – apesar de ter tido ajuda – contra o mais forte feiticeiro de magia negra; e fizera uma poção nível XV.
Eu não era mais a mesma. Tivera muitas experiências desde que havia transformado Anna em um sapo...
- Classe, nesta aula vou contar sobre uma poção extremamente difícil. No nível em que estão, certamente não conseguiriam fazer, pois os ingredientes são quase muito difíceis de se achar. Vou falar sobre a poção do esquecimento.
Arregalei os olhos, e depois troquei um sorriso irônico com Topázio. No nível em que estamos, certamente não conseguiríamos fazer? Então pensei:
Como seria fazer essa poção de novo?
Lentamente, um sorriso foi surgindo em meu rosto enquanto uma ideia começava a ganhar forma.
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Gente, agora finalmente a história acabou! Depois de tanto tempo escrevendo, terminei. Espero sinceramente que tenham gostado, porque eu gostei muito!!!! Foi muito bom dividir minha história com vocês, e agora estou no caminho para publicá-la *---* É um sonho, e pode ser que se realize! Muito obrigada mesmo, leitores! Bjs, até algum dia! By: Carol ^u^

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Um aviso aos leitores!

 Oi gente! E aí? Como vai a vida? Só passei aqui para dar um aviso. Reescrevi novamente todos os capítulos, mudando e acrescentando várias coisas. Podem dar uma olhada e vão perceber que até os nomes de alguns capítulos estão diferentes. Estou escrevendo o fim da história, e assim que conseguir, eu posto. Até logo! Bjs, Carol ;]

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Capítulo 30 = A ajuda vem dos lugares mais inesperados


Os dois correram em minha direção, e assumiram uma expressão preocupada ao ver meu estado. Deixando Morlogol de lado, Jú e Sam se ajoelharam em minha frente e me olharam, arfando.
- Precisa de ajuda? – Jú perguntou com um meio-sorriso.
- O que você acha? – eu ainda sorria, mas minha voz soou baixa e fraca, e eles só conseguiram ouvi-la bem por causa da audição aguçada que tinham.
- Sentimos muito, Safí – murmurou Sam. – Por tudo.
- Eu é que peço desculpas. Não devia ter discutido com vocês. Sabia que vocês não tinham escondido suas identidades de mim por mal. Fizeram como eu. Esconderam porque acharam que estavam fazendo a coisa certa. Eu é que fui muito boba e me deixei guiar pela raiva, exatamente como Max me preveniu antes e Ryan, depois.
- Nós também erramos, Safí. Não foi só você - Jú falou. – Ah é! Max só não está com a gente porque disse que ficaria de olho na porta, para dar o alarme caso algum monstro se aproxime.
- Não devíamos ter te deixado – completou Sam, e acrescentou, irritado - Quem é Ryan?
Notei que ele estava com ciúmes, e dei uma curta risada.
- É um mago forasteiro que me ensinou muita coisa há algum tempo atrás e que me ajudou a me preparar para esta luta.
Percebi que ele ainda estava um pouco enciumado, mas eu o abracei, e senti todos os meus músculos reclamarem. Isso pareceu acalmá-lo, e ele retribuiu o abraço.
- Nunca mais vou te deixar sozinha, Safí – a voz de Sam estava abafada. – Você tem a minha palavra.
Uma onda de felicidade me invadiu, e meu coração acelerou.
Então senti uma pontada em minhas costas, e gemi. Meu amigo se afastou, e me olhava apreensivo.
Vi pelo canto do olho que Jú estava perdida em pensamentos, e segurei sua mão. Ela piscou, e pareceu desorientada por meio segundo. Ela se voltou para mim e sorriu, um sorriso que eu não via em seu rosto fazia muito tempo.
- Senti tanto a sua falta, Safí – ela disse.
- Eu também, Jú – respondi.
Então seu sorriso sumiu, e ela assumiu uma expressão arrependida.
- Desculpe-me por ter sido tão chata e arrogante depois que saímos do Monte Everest – Jú sussurrou. – É que quando fui colocar minha roupa de arqueira, Connor me falou mais sobre meu passado, e sobre o jeito dos arqueiros. Eles são sérios, escondem suas emoções. Tentei agir como eles, mas notei que só te magoei, e ainda não me senti muito bem. Você sabe que não sou do tipo fechada – e com isso, ela riu, sua risada contagiante costumeira, fazendo Sam e eu rirmos também.
Nesse momento, notei algo que não percebera. Desde que saímos do Monte Everest, não parei para pensar no que Jú tinha feito com a capa que minha mãe lhe dera. Só agora, quando nós três ríamos, Morlogol desacordado logo atrás, e Max do lado de fora da sala, vigilante, foi que descobri o que ela fizera com o presente. Minha amiga a tinha colocado em baixo da sua capa de arqueira. As duas eram quase do mesmo tom, e apesar de serem feitas de materiais e finalidades diferentes, juntas pareciam uma só. Como Jú. Ela era uma arqueira, e sua vida agora estava dividida, assim como a minha e a de Sam. Mas eu já aprendera e eles também aprenderiam que, mesmo sendo duas vidas diferentes, a do mundo da magia e do mundo dos humanos, as duas eram uma só.
Tão pensativa, me inclinei um pouco, o que me fez reprimir um gemido. Eu me esquecera da dor por um tempo, mas agora eu a sentia novamente, só que mais forte. Não queria que meus amigos vissem os ferimentos dos dardos, e até agora não tinham visto, pois eu estava de frente para a porta, e os dois de frente para mim, de modo que não viam minhas costas. Mas Sam, sensível a emoções, percebeu minha dor, e foi até meu lado. Inclinou-se de modo a poder ver os ferimentos e ouvi um baixo rosnado vindo de seu peito.
- O que houve? – ele indagou, sua voz misturando raiva e preocupação.
- Uns monstros me acertaram – eu disse simplesmente, dando os ombros.
De repente, senti Morlogol se mexer atrás de mim. Ele estava acordando.
Eu tinha que curar meus ferimentos, senão não aguentaria até o final da batalha. Mas eu estava fraca, e soube que não conseguiria. Não sozinha.
Max, chamei, preciso de sua ajuda.
Em cinco segundos, ele estava do meu lado.
Percebendo minha intenção, Jú e Sam também se ofereceram. Agradeci e eles me deram um pouco de sua energia, o suficiente para me curar e me deixar mais forte. Não demorou muito e, assim que terminamos, Morlogol já estava de pé, também se recuperando. Ele chamou mais monstros, e logo estávamos cercados.
- Jú, Sam, Max, cuidem dos monstros – falei. – Eu cuido de Morlogol.
Os três assentiram, um pouco hesitantes, e pelo canto do olho vi que Jú começou a disparar flechas e Sam, bolas de fogo. Max corria e deixava os monstros cansados, depois voava e os acertava.
Então me voltei para o feiticeiro, que me encarava furioso. Ele não tinha gostado nem um pouco da intromissão de meus amigos em nossa luta.
Dei os ombros e disse:
- Você não disse que era uma luta apenas entre nós dois.
Seus olhos negros faiscaram, assim como os meus. Percebi que a parte do manto que cobria seu peito estava com uma grande mancha, que notei ser de sangue - misturando com a cor da capa - por causa do ferimento causado pela flecha de Jú – fora isso que o acertara.
Nesse momento, ele lançou um raio, ao qual eu desviei, e atirei outro de volta, e ele o bloqueou. Ficamos nisso por algum tempo, um tentando acertar o outro. Nenhum de nós dois conseguiu, e os monstros não paravam de chegar. Eu arfava, e notei que meu inimigo também. Nós dois estávamos nos cansando.
Não sei quanto tempo ficamos nisso, atirando e desviando. Meus olhos ardiam com o suor que escorria de minha testa, e meus braços estavam doendo. Eu estava tão concentrada em minha luta que ignorei a sensação de que algo ou alguém entrava na sala. De que algo atacava e se desviava dos monstros. De que algo se aproximava de mim.
Lancei um raio, e ele devolveu outro ao mesmo tempo. Dessa vez, meu raio azul não vacilou nenhuma vez, diferente do dele, que recuava cada vez mais. Eu me sentia mais forte, agora que meus amigos estavam comigo de novo, e minha energia só aumentava. Mesmo assim, era difícil fazer o raio dele recuar. Apesar de ele estar cansado, ainda era mais forte que eu, um feiticeiro completo de magia negra, e eu ainda era uma feiticeira adolescente em treinamento. Nesse momento, meio raio vacilou um pouco, o que interrompeu meus pensamentos. Com algum esforço, recuperei o tanto que tinha recuado, e até um pouco mais. Vi que Morlogol não estava nada satisfeito com o rumo que nossa batalha tomava, e senti que mais monstros entravam.
Com o canto do olho, vi um monstro cair com um raio de luz dourado. Isso me deixou um pouco confusa. Não sabia que Max agora lançava raios de luz. Jú e Sam estavam do outro lado da sala, por isso sabia que aquele raio não viera deles. Depois, Max lançou um raio-bumerangue, também dourado, e meu raio recuou um pouco por causa da surpresa. Desde quando Max lançava aquele tipo de ataque?!
Âmbar. Só podia ser ela. Ela tinha me prometido que não entraria na busca, e só me ajudaria quando eu precisasse, dando informações. Mas pelo jeito ela realmente queria me ajudar, a ponto de quebrar uma promessa. Não pude impedir que um sorriso aparecesse em meu rosto.
Nesse momento, parei de lançar meu raio e bloqueei o ataque de Morlogol.  Então ele atirou mais três ataques consecutivos, e lancei outro em troca, o qual ele não conseguiu desviar. Esquivei-me do primeiro, parei o segundo e fui atingida pelo terceiro. Bati as costas na parede com força, o que me deixou sem ar. Levantei-me devagar e olhei para a direção de onde vinham os ataques de Âmbar. Max voava, derrubando vários monstros, e ao lado dele, minha amiga feiticeira lutava. Pelo menos foi o que pensei. Mas no momento em que minha cabeça parou de girar, pude ver com clareza. Não era Âmbar – me toquei que os raios dela eram laranja, e não dourados, por isso não poderia ser ela. Não era nem mesmo qualquer outra amiga minha. Pelo contrário. Era a última pessoa que eu esperava que viesse me ajudar. Senti meu queixo cair.
- Topázio?!
Ela se virou para mim e deu um sorriso zombeteiro ao notar o espanto em minha voz. Lançou um raio em outro monstro e se aproximou de mim. Reparei que ela já não andava e se vestia mais da maneira que costumava fazer na escola: como que dizendo Sou demais, só uso roupas caras e chiques, venha e me adore. Ela usava uma blusa de moletom vermelha puxada até os cotovelos, calça jeans e tênis. Suas mechas douradas brilhavam, e seus cabelos louros estavam bagunçados – não queria nem imaginar como estavam os meus. Ela ganhara alguns cortes no braço - tão pequenos que precisei me esforçar para vê-los - e seus olhos verdes tinham um brilho diferente.
Ela parou a alguns centímetros de mim e me encarou nos olhos.
- Está surpresa, não é? – ela indagou. – Admito que até eu estou. Nunca pensei que eu fosse estudar tanto quanto estudei o feitiço de teletransporte simplesmente para vir ajudar alguém que até a poucos dias eu detestava. É estranho como as pessoas mudam.
Franzi o cenho.
- Quem é você? – perguntei. – O que fez com aquela garota chata, irritante e mimada que eu tinha que aturar?
Ela deu os ombros.
- Falando a verdade, também não sei – então ela começou a imitar a voz de um repórter, segurando sua varinha como se fosse um microfone – Muitos estão à sua procura. Ela desapareceu de repente, sem deixar vestígios. Seu paradeiro é desconhecido.
Apesar de toda a tensão e suspense do momento, não consegui me conter, e ri. O sorriso de Topázio já não era mais zombeteiro.
- Seja bem-vinda, nova Topázio – falei.
- Obrigada, Safíra – ela respondeu. – E aí? Vamos ficar conversando ou vamos enfrentar Morlogol?
Dei um meio-sorriso.
- Acho que você já sabe a resposta.
- Paralisante e raios?
- Não vai funcionar por muito tempo, mas pode nos dar uma chance.
Então eu e Topázio cercamos Morlogol. Ele fuzilou-me com os olhos, e depois encarou minha ex-inimiga. Percebi na hora o que ele faria.
- Topázio, não olhe – e vendo que não daria certo, gritei outro conselho – Pense em coisas boas, que te deixem feliz. Assim ele não vai aguentar muito tempo. Não deixe essas sensações ruins te dominarem.
“Como ele fez comigo”, completei em pensamento. Novamente me veio à dúvida. O que tinha de tão especial naquele monstro em chamas que passou correndo que me deixou mais forte?
Talvez ele só tenha parecido familiar porque eu já lutara contra vários clones dele. Mas porque ao passar por mim ele me daria uma sensação boa? Não fazia sentido!
Um pouco irritada, olhei para minha companheira e vi que ela estava tentando resistir ao poder do olhar do feiticeiro. Não tinha como eu ajudar, a não ser que atacasse Morlogol. Mas eu não faria isso, pois eu o estaria atacando pelas costas, o que era covardia. Sabia que ele não pensaria duas vezes em fazer isso comigo, só que eu não era igual ele. Eu era melhor.
Virei-me para meus amigos, e vi que os monstros ainda continuavam chegando. Os três pareciam cansados, mas não paravam nem um segundo. Um monstro estava prestes a acertar Jú nos ombros, e como ele estava perto demais para ela conseguir atirar, minha amiga fez algo que me surpreendeu quase tanto quanto o aparecimento de Topázio: guardou a flecha na aljava e bateu com a ponta do arco na cabeça do monstro, fazendo o cambalear alguns metros para trás, direto para uma bola de fogo que Sam produzira. Assustou-me porque eu tinha aprendido que o arco era um instrumento muito especial para os arqueiros, e não podiam ser usados de qualquer jeito. Ela voltou o olhar para mim e disse com o olhar, dando os ombros: Situações desesperadoras requerem medidas desesperadoras. E não conte para Jane, porque ela me penduraria pelo pescoço do topo do Monte Everest se soubesse.
Não pude evitar um sorriso. Vi um movimento de relance, e virei-me para olhar o que era. Abafei uma exclamação. Era uma quimera. A criatura era igual a que tínhamos visto na Islândia, só que menor. Soltava fogo e rugia, matando vários monstros de uma vez. Fiquei confusa por cinco segundos, mas depois entendi o que ela estava fazendo ali. Era Sam.
Novamente, fiquei boquiaberta. Não sabia que ele já conseguia se transformar. Não pude deixar de pensar o quão incrível eram meus amigos, e o quão inferior eu parecia perto deles. Tinha quase certeza de que, se eles estivessem enfrentando Morlogol no meu lugar, já o teriam vencido.
Então me veio um pensamento. Talvez eles até conseguissem derrotar o feiticeiro, mas não estariam usando o mesmo recurso que uso: magia. Estariam usando habilidades físicas. Os dois eram incrivelmente rápidos, espertos e habilidosos – Jú com o arco e flecha, Sam com sua força e seu fogo. Eu tinha aprendido a pensar e agir rápido, e ainda tinha a meu favor toda minha magia - que modéstia a parte, não era pouca. Eu não era inferior. Era forte ao meu jeito, com minhas habilidades, com meus poderes. Não precisava ficar me comparando aos outros para saber se eu era boa ou não. Eu precisava confiar em mim mesma, em minha capacidade. Ser quem eu era, e pronto. Já bastava.
Respirei fundo e me virei para Topázio. Ela ganhava a batalha “em pensamento” contra Morlogol. Isso pareceu me incentivar, e no momento em que ele desviou o olhar, ataquei. Lancei um raio paralisante, e Topázio piscou desorientada por um segundo, atirando um raio logo depois. O feiticeiro bateu contra uma das paredes, e o raio paralisante perdeu o efeito. Fiz uma mão de energia o agarrar e o levantei. Ele se debateu, tentando livrar-se, e eu o lancei em direção ao outro canto da sala, o que derrubou diversos monstros. Minha ex-inimiga me olhou, espantada, e juntas corremos em direção ao nosso adversário. Atacamos ao mesmo tempo, sem dar a ele a opção de desviar. Vários monstros avançaram em nossa direção e, de costas uma para a outra, atiramos neles, os matando quase instantaneamente.
De repente, Morlogol nos pegou de surpresa, e acabamos ficando presa em uma bola negra de energia. Ela começou a sugar nossa força, e vi um sorriso vitorioso aparecer no rosto do inimigo. Troquei um olhar com Topázio, e juntas tentamos destruir a bola, sem sucesso. Não sei por quanto tempo tentamos sair de lá, mas eu já tinha perdido grande parte do meu entusiasmo inicial. Mas não a esperança.
Nesse momento, vi o feiticeiro desviar de uma flecha e ser atingido por outra quase ao mesmo tempo. Ele se dobrou, gemendo, e Max pulou em cima dele, derrubando-o, o que fez com que a bolha ficasse mais fraca, nos dando chance de tentar sair de novo. Liberamos nossa energia contra ela e, com a ajuda de uma bola de fogo de Sam, conseguimos nos livrar. Senti minha força voltando, e notei que Topázio também parecia melhor. Sorri e agradeci aos meus amigos, e quando quase todos os monstros pareciam destruídos, nos voltamos para Morlogol. Ele nos olhou friamente e atacou. Fiz um escudo de força nos envolver, e depois atacamos em conjunto. Eu com um raio azul, Topázio com um dourado, Sam com uma bola de fogo, Jú com suas flechas e Max com uma pedra do tamanho de uma mão fechada.
O feiticeiro foi jogado longe, caindo em seu trono, inconsciente.
Um grande sorriso cobriu meu rosto, e vi que ele estava refletido no de meus amigos também. Não conseguíamos acreditar que tínhamos derrotado um dos mais fortes feiticeiros de magia negra do Reino. Parecia inacreditável.

- Quem é você? – indagou Jú, virando-se para minha ex-inimiga.
- Meu nome é Topázio. Estudo com a Safíra na Magia High School.
- Muito prazer, Topázio – cumprimentou Jú, trocando um aperto de mão e sorrindo para ela. – Meu nome é Juliana. E esse é o Sam – ela apontou na direção dele. – Estudamos com a Safí na Goode High Schoool.
Topázio cumprimentou Sam e vice-versa. Sorri e olhei em volta.
- Um de vocês sabe onde está o chifre de minotauro?
- Ali – Sam apontou para o topo do trono negro.
Corremos até lá e tentei pegá-lo, mas não alcancei. Jú também tentou, mas apesar de ser um pouco mais alta que eu, também não conseguiu. Foi a vez de Topázio que, sendo mais baixa que eu, não teve sucesso. Max voou até o chifre, mas não teve força suficiente para arrancá-lo de trono. Por fim, Sam esticou o braço para pegar, e como era o mais alto de nós cinco, o alcançou. Segurou e puxou o chifre de minotauro com força. Devia estar muito bem preso, pois meu amigo teve que usar toda a sua força para tirá-lo de lá. Quando conseguiu, desequilibrou-se e caiu no chão.
Estendi a mão para ajuda-lo a se levantar, e ele aceitou sorrindo.
- Aqui – Sam me deu o chifre. – É seu.
- Não teria conseguido nem ele nem nenhum outro ingrediente sozinha. Então não é meu – retruquei. –É nosso.
O rosto de meus três amigos se iluminou. Topázio abaixou a cabeça, como que se sentindo mal, e eu a puxei para perto e a abracei. Percebi que eu a tinha pegado de surpresa, o que me deixou feliz.
- Sua ajuda também foi essencial, Topaz. Posso te chamar assim? – indaguei.
- Claro – ela sorriu. – Posso te chamar de Safí?
- Nem precisava perguntar.
Comemoramos nossa vitória e, começamos a andar em direção à porta. Topázio andava na frente, e parecia pensativa. Vi então de relance o trono negro de Morlogol, e meu coração pareceu parar. Arregalei os olhos, e meus amigos ao notarem minha expressão de espanto seguiram meu olhar. Abafaram um grito.
O trono estava vazio. Morlogol não estava mais lá. O que queria dizer que tinha acordado. Antes que pudéssemos nos mover, ouvi passos e um gemido. Rapidamente nos viramos, e soltei um grito baixo.

Morlogol estava na porta, e lançara um raio que teria nos matado se não fosse por Topázio. Ela mantinha com as mãos um escudo de energia em volta de nós, e sua expressão era concentrada. Corri para seu lado, e uni meu campo ao dela. Jú retirou o arco do ombro, pegou uma flecha na aljava e atacou. Sam lançou uma bola de fogo, e Max jogou um dos monstros caídos com o poder da mente em direção a Morlogol. Pude notar que o feiticeiro estava fraco, e que não aguentaria por muito tempo. Quando foi acertado pela flecha, fogo e monstro, seu raio cessou e ele desabou no chão. Trocamos um olhar e nos aproximamos dele, cautelosos. Ele podia estar blefando.


Felizmente não estava, e todos nos voltamos para Topázio. Ela corou, o que foi estranho, pois eu nunca vira aquela garota corar. Sempre vira aquela garota fazer os outros corarem.
- Ainda duvida de que sua ajuda foi essencial? – indaguei.
Ela deu um sorriso tímido mas feliz, e todos comemoramos, dessa vez oficialmente.
Olhei para Topázio. Ela ria de algo que Jú dissera, e não pude deixar de lembrar algo que minha avó havia me dito quando eu despedi dela.
A ajuda vem dos lugares mais inesperados. Novamente, ela estava certa.
°°°
Sam fez um buraco no chão e colocamos Morlogol lá dentro, para que quando acordasse demorasse algum tempo para voltar a fazer maldades. Depois andamos até a saída da caverna, matando todos os monstros que apareciam no caminho. Fazíamos como um jogo. Cada hora um de nós destruía um deles. Foi Sam que ganhou. Quando um dos monstros mais estranhos que já vi bloqueou nossa passagem, meu amigo deu um passo para frente e fez duas bolas de fogo aparecerem. Isso não pareceu assustar o adversário, então demos uma ajudinha.
- É melhor você não irritar esse garoto – Jú alertou o monstro.
- Ele vira uma fera quando o provocam – ajuntei.
- Literalmente – completou Topázio.
O monstro estreitou os olhos, desconfiado.
- Depois não diga que não avisamos – dissemos nós três juntas, e Max concordou.
Sam gritou e se transformou em uma quimera. Ele pulou em cima do monstro e o inimigo cambaleou e caiu, desintegrando-se quando Sam mordeu seu pescoço.
Depois foi a vez de Topázio, que matou um ser que parecia o cruzamento entre um urso e um cavalo. Por fim, os monstros acabaram, assim como nosso jogo. Qual é? Somos adolescentes, nunca perdemos uma chance de nos divertirmos.
No momento em que saímos da caverna, a luz da Lua nos cobriu. Estava uma noite estrelada, linda, como que comemorando nossa vitória junto conosco.
Estávamos todos acabados, e nos deitamos perto dali, sem nos preocupar em achar uma caverna. Afinal, Morlogol estava derrotado.
Olhei para as estrelas, e elas pareciam felizes por nosso sucesso na busca. Eu não conseguia acreditar que tínhamos conseguido. Admirando o céu com o olhar, um pensamento me atingiu.
Não. Não ganháramos ainda. Precisávamos juntar todos os ingredientes e espalhar a poção, para que ninguém se lembrasse da existência de feiticeiros. Se não fizéssemos a poção, todos os ingredientes seriam inúteis. Ainda não tinha terminado.
Lendo minha mente, Jú concordou.
- Já passamos por muita coisa, Safí. Ninguém teria conseguido fazer o que fizemos.
Assenti lentamente.
- É verdade – concordei.
Olhei para a Lua, e comecei a “viajar”, pensando em diversas coisas ao mesmo tempo – um costume que eu tinha. Depois do que pareceu muito tempo, a voz de minha amiga interrompeu meus pensamentos.
- Boa noite, Safí.
- Boa noite, Jú.
Fechei os olhos e lembrei-me de tudo o que havia acontecido desde que amanhecera. Um sorriso iluminou meu rosto.
Ninguém teria conseguido fazer o que fizemos.
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E aí, pessoas? Gostaram? Aproveitem, pois esse é o penúltimo capítulo. Está quase acabando, e espero que estejam curtindo 8) Dedico esse a minha amiga Tatah, que fez esse lindo desenho. Arigatou, amiga! ^^ Até a próxima! Bjs, Carol =]