Devo admitir que pegar as duas gotas de sangue de dois humanos diferentes foi fácil demais e até divertido comparado aos outros ingredientes.
Partimos para a Noruega – dizem que lá é um dos países em que os humanos são mais saudáveis -, onde Jú roubou de um hospital uma daquelas agulhas de medir pressão que os humanos usam.
Nenhum de nós era humano, então nos escondemos em um beco e esperamos alguém se aproximar.
Quando isso aconteceu, lancei:
- Atlela Heviggin! – e o homem desmaiou.
Sam o puxou até nós, e Jú usou a agulha de pressão para fazer uma gota de sangue aparecer. Fiz aparecer um vidrinho e coloquei-a dentro.
Eu o fiz acordar e ficamos esperando outro se aproximar.
Com o outro homem, fizemos a mesma coisa. Em pouco tempo tínhamos dois vidrinhos com duas gotas de sangue de dois humanos diferentes.
-Canaro zaloi! - e os coloquei dentro do pote.
- Zaloi canaro!
- Mais um ingrediente! – comemoraram Sam e Max.
- Qual é o próximo, Safí? – indagou Jú.
- Os oito vermes do rio. Pesquisei que podemos encontra-los no rio Lena, na Rússia.
°°°
Liguei para Âmbar e contei sobre os dois ingredientes que havíamos conseguido, e perguntei em que parte da Rússia poderíamos encontrar os vermes do rio Lena.
- Na Rússia Asiática, Safí. Onde mais têm vermes é a parte do rio que passa pela Sibéria Oriental, em uma cidade chamada Yakutsk.
- Ok. Obrigada de novo, Amby.
- De nada. Boa sorte.
Então, nos teletransportei para Yakutsk.
Ao chegar lá, nos vimos de frente para um rio escuro. Tinha neve para todo o lugar, mas nós não sentimos muito frio, pois as capas que havíamos ganhado de meus pais nos aqueciam, e Max tinha um feitiço de proteção contra o frio.
Eu nos vesti todos com trajes de mergulho e os alertei:
- Tomem cuidado! Esses vermes podem ser pequenos, mas são muito rápidos e piores que sanguessugas.
Estávamos protegidos pelos trajes, mas ainda assim podíamos ser picados.
Mergulhamos e começamos a procurar. A água não era muito escura, e fomos mais para o fundo, pois era onde os vermes se acumulavam.
De repente, senti algo se aproximar por trás de nós e me virei, varinha posta – ela funciona debaixo d’água, só os feitiços são mais fracos.
Um conjunto de vermes nadava em nossa direção em grande velocidade. Eles se separaram em grupos e cada um cercou um de nós. Comecei a atirar feitiços neles, o que não foi fácil, pois desviavam o tempo todo. Eu segurava um potinho, assim como meus amigos, onde poderíamos colocar os vermes. Quando acertei um, rapidamente o capturei, e nisso eles começaram a se fechar a minha volta, os dentinhos prontos para me morder.
Então, todos avançaram ao mesmo tempo, e lancei um feitiço com as mãos, que eram mais práticos. Eles pararam de avançar e se afastaram um pouco, mas depois voltaram a se aproximar, dessa vez mais devagar.
Fechei os olhos e me concentrei. Quando os abri, eu me sentia mais forte, e lancei vários jatos de água na direção deles. Matei vários com o impacto, mas só consegui capturar mais dois, pois eles desaparecem quando morrem. Mas um deles aproveitou que eu atirava, e mordeu meu braço esquerdo. Senti uma dor muito forte, por causa do veneno deles, mas continuei atirando.
Olhei em volta, procurando meus amigos, e vi que eles lutavam. Jú tinha algumas picadas na mão, que estava coberta por um líquido muito escuro, que eu não sabia o que era. Mas ela estava ganhando a luta, e capturara dois vermes.
Sam nadava rapidamente de um lado para o outro, e eu mal conseguia vê-lo. Ele também tinha algumas picadas no braço, de onde escorria sangue, mas de um tom laranja, que tinha mudado de cor desde seu encontro com a quimera. Ele também pegara dois vermes.
Já Max não tinha nenhuma picada, e capturara apenas um, pois era mais difícil para ele pegá-los.
Trocamos um olhar e, juntos, emergimos. Verifiquei se nenhum russo se aproximava, e tirei nossos trajes com um estalo de dedos. Olhei para meus amigos e peguei minha varinha, para poder curar nossos ferimentos.
O meu braço doía muito, mas eu não me importei. Voltei-me para Sam, e abafei uma exclamação de surpresa ao ver que seu braço já tinha cicatrizado.
Ele seguiu meu olhar.
- Quimeras se recuperam dos ferimentos bem rápido – ele sorriu, e eu retribuí.
Então, me virei para Jú. A mão dela ainda estava coberta por aquele líquido escuro. O que era aquilo?! Sangue?
Como se lesse meu pensamento, Jú respondeu:
- Você ainda não percebeu, Safí? É mesmo meu sangue – e diante de nossos olhares arregalados, ela continuou – Não sou humana, e acho que já provei isso a vocês com as habilidades que ganhei desde o começo da busca.
Assenti pensativa.
Eu sabia que se não estivéssemos na água, Jú pegaria muito mais vermes que eu, pois sua agilidade era incrível. Eu adorava nadar, por isso pegara mais que os três. Mas ela não era muito chegada a água. Nisso, me lembrei novamente de que existia sim um ser com os poderes que Jú andava demonstrando. Mas não me vinha à cabeça qual era.
Frustrada, dei um soco no chão, o que foi uma idiotice, pois doeu muito, e a dor em meu braço pareceu se multiplicar. Os três me olharam confusos, mas eu apenas balancei a cabeça e me levantei. Curei meu braço, guardei os vermes junto dos outros ingredientes e olhei para o sul.
Próxima parada: garras de dragão, na China.
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E aí? O que acharam? Desculpem a demora, é que estou cheia de tarefas. Até a próxima! Bjs, Carol =3