sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Capítulo 23 = Dando um mergulho


Devo admitir que pegar as duas gotas de sangue de dois humanos diferentes foi fácil demais e até divertido comparado aos outros ingredientes.
Partimos para a Noruega – dizem que lá é um dos países em que os humanos são mais saudáveis -, onde Jú roubou de um hospital uma daquelas agulhas de medir pressão que os humanos usam.
Nenhum de nós era humano, então nos escondemos em um beco e esperamos alguém se aproximar.
Quando isso aconteceu, lancei:
- Atlela Heviggin! – e o homem desmaiou.
Sam o puxou até nós, e Jú usou a agulha de pressão para fazer uma gota de sangue aparecer. Fiz aparecer um vidrinho e coloquei-a dentro.
Eu o fiz acordar e ficamos esperando outro se aproximar.
Com o outro homem, fizemos a mesma coisa. Em pouco tempo tínhamos dois vidrinhos com duas gotas de sangue de dois humanos diferentes.
-Canaro zaloi! - e os coloquei dentro do pote.
- Zaloi canaro!
- Mais um ingrediente! – comemoraram Sam e Max.
- Qual é o próximo, Safí? – indagou Jú.
- Os oito vermes do rio. Pesquisei que podemos encontra-los no rio Lena, na Rússia.
°°°
Liguei para Âmbar e contei sobre os dois ingredientes que havíamos conseguido, e perguntei em que parte da Rússia poderíamos encontrar os vermes do rio Lena.
- Na Rússia Asiática, Safí. Onde mais têm vermes é a parte do rio que passa pela Sibéria Oriental, em uma cidade chamada Yakutsk.
- Ok. Obrigada de novo, Amby.
- De nada. Boa sorte.
Então, nos teletransportei para Yakutsk.
Ao chegar lá, nos vimos de frente para um rio escuro. Tinha neve para todo o lugar, mas nós não sentimos muito frio, pois as capas que havíamos ganhado de meus pais nos aqueciam, e Max tinha um feitiço de proteção contra o frio.
Eu nos vesti todos com trajes de mergulho e os alertei:
- Tomem cuidado! Esses vermes podem ser pequenos, mas são muito rápidos e piores que sanguessugas.
Estávamos protegidos pelos trajes, mas ainda assim podíamos ser picados.
Mergulhamos e começamos a procurar. A água não era muito escura, e fomos mais para o fundo, pois era onde os vermes se acumulavam.
De repente, senti algo se aproximar por trás de nós e me virei, varinha posta – ela funciona debaixo d’água, só os feitiços são mais fracos.
Um conjunto de vermes nadava em nossa direção em grande velocidade. Eles se separaram em grupos e cada um cercou um de nós. Comecei a atirar feitiços neles, o que não foi fácil, pois desviavam o tempo todo. Eu segurava um potinho, assim como meus amigos, onde poderíamos colocar os vermes. Quando acertei um, rapidamente o capturei, e nisso eles começaram a se fechar a minha volta, os dentinhos prontos para me morder.
Então, todos avançaram ao mesmo tempo, e lancei um feitiço com as mãos, que eram mais práticos. Eles pararam de avançar e se afastaram um pouco, mas depois voltaram a se aproximar, dessa vez mais devagar.
Fechei os olhos e me concentrei. Quando os abri, eu me sentia mais forte, e lancei vários jatos de água na direção deles. Matei vários com o impacto, mas só consegui capturar mais dois, pois eles desaparecem quando morrem. Mas um deles aproveitou que eu atirava, e mordeu meu braço esquerdo. Senti uma dor muito forte, por causa do veneno deles, mas continuei atirando.
Olhei em volta, procurando meus amigos, e vi que eles lutavam. Jú tinha algumas picadas na mão, que estava coberta por um líquido muito escuro, que eu não sabia o que era. Mas ela estava ganhando a luta, e capturara dois vermes.
Sam nadava rapidamente de um lado para o outro, e eu mal conseguia vê-lo. Ele também tinha algumas picadas no braço, de onde escorria sangue, mas de um tom laranja, que tinha mudado de cor desde seu encontro com a quimera. Ele também pegara dois vermes.
Já Max não tinha nenhuma picada, e capturara apenas um, pois era mais difícil para ele pegá-los.
Trocamos um olhar e, juntos, emergimos. Verifiquei se nenhum russo se aproximava, e tirei nossos trajes com um estalo de dedos. Olhei para meus amigos e peguei minha varinha, para poder curar nossos ferimentos.
O meu braço doía muito, mas eu não me importei. Voltei-me para Sam, e abafei uma exclamação de surpresa ao ver que seu braço já tinha cicatrizado.
Ele seguiu meu olhar.
- Quimeras se recuperam dos ferimentos bem rápido – ele sorriu, e eu retribuí.
Então, me virei para Jú. A mão dela ainda estava coberta por aquele líquido escuro. O que era aquilo?! Sangue?
Como se lesse meu pensamento, Jú respondeu:
- Você ainda não percebeu, Safí? É mesmo meu sangue – e diante de nossos olhares arregalados, ela continuou – Não sou humana, e acho que já provei isso a vocês com as habilidades que ganhei desde o começo da busca.
Assenti pensativa.
Eu sabia que se não estivéssemos na água, Jú pegaria muito mais vermes que eu, pois sua agilidade era incrível. Eu adorava nadar, por isso pegara mais que os três. Mas ela não era muito chegada a água. Nisso, me lembrei novamente de que existia sim um ser com os poderes que Jú andava demonstrando. Mas não me vinha à cabeça qual era.
Frustrada, dei um soco no chão, o que foi uma idiotice, pois doeu muito, e a dor em meu braço pareceu se multiplicar. Os três me olharam confusos, mas eu apenas balancei a cabeça e me levantei. Curei meu braço, guardei os vermes junto dos outros ingredientes e olhei para o sul.
Próxima parada: garras de dragão, na China.
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E aí? O que acharam? Desculpem a demora, é que estou cheia de tarefas. Até a próxima! Bjs, Carol =3


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Capítulo 22 = Como lutar com uma múmia (e também destruir uma pirâmide)


Depois de procurar bastante, encontramos uma porta na tumba e, com a ajuda de Sam, conseguimos empurrá-la.
Quando entramos, ficamos no escuro total. Peguei minha varinha e murmurei:
- Uno rauthr! - e a ponta da varinha emitiu uma luz azul, que nos permitiu enxergar.
O interior da tumba era magnífico, cheio de pinturas e hieróglifos. Fomos seguindo em frente, admirando. Notei que Jú murmurava alguma coisa baixinho, e percebi que ela lia o que estava escrito. Fiquei surpresa, mas depois me toquei: deviam ser os poderes dela. Mas eu ainda não conseguia me lembrar de que tipo de ser tinha aqueles poderes.
Então um barulho me despertou – eu estava meditando.
- Vem de algum lugar à nossa frente – Max nos alertou. O nosso olhar se voltou em direção ao barulho.
- E está vindo em nossa direção – informei.
- E não apenas um. São quatro – falou Jú.
Ouvimos o mesmo barulho novamente, mas vindo das nossas costas.
- E há três vindo por trás de nós – afirmou Sam.
Ficamos parados, eu com a varinha apontada para frente e  Jú ao meu lado, e Sam e Max protegendo nossa retaguarda. De repente, escutamos um ronco e na hora eu soube o que eram.
- Múmias.
Quando consegui ver que estavam na minha frente, fiquei nervosa e lancei:
- Reander holl!
Acertou a múmia que estava mais perto, mas não fez efeito. Só então me lembrei de que múmias são imunes à magia.
Meu feitiço apenas serviu para deixá-las mais irritadas, e começaram a andar mais rápido.
- Acho que isso não foi uma atitude muito inteligente, Safí – comentou Jú.
- Também acho que não. Desculpe.
- Tudo bem.
Tá bom, eu admito: se existe algum ser do qual eu tenho medo, são de múmias. Elas me assustam, ainda mais porque são imunes a magia, que é o meu jeito de combater monstros. São todas cobertas por faixas, com um buraco para os olhos e a boca, que em minha opinião seria melhor se nem existissem, pois os olhos são vermelhos como sangue, e aterrorizam qualquer um que os olhe diretamente; e a boca parece um buraco negro, e de dentro sai um gás que tem cheiro de algo que foi guardado por três mil anos. Cá entre nós, você não vai querer sentir esse cheiro. Bom, acho que você já entendeu o porquê do meu medo.
As múmias se aproximaram ainda mais e, pelo canto do olho, percebi que Jú não estava mais ao meu lado, mas alguns metros a minha frente lutando com duas múmias. Como ela fizera isso? Alguns segundos atrás estava ao meu lado... Fiquei surpresa ao ver as investidas que ela dava. Em instante, uma das múmias já tinha virado pó.
Atrás de mim, Sam e Max também lutavam. Sam fez aparecer uma bola de fogo do nada e a lançou contra uma múmia. Não era grande, mas serviu para deixar as múmias apavoradas. Max estava fazendo um bom trabalho com uma delas. Correu em sua direção e passou por baixo de suas pernas. A múmia ficou confusa por alguns segundos, mas isso bastou e ele pulou em suas costas, fazendo-a perder o equilíbrio e cair.
Uma delas passou os olhos por mim, veio em minha direção e investiu.
Então, uma coisa aconteceu. Foi tudo muito rápido. Quando o monstro veio para cima de mim, algum instinto tomou conta do meu corpo e eu desviei e, quando a múmia passou por mim, dei um chute para trás, acertando em cheio as costas dela, que caiu. Levantou-se rapidamente e lançou um braço em minha direção. Virei-me e coloquei o braço direito na frente, bloqueando o golpe, e com a outra mão, dei um soco na barriga da múmia, fazendo-a se desintegrar.
Não tenho ideia de como fiz aquilo. Só sei que fiz e pronto.
Olhei em volta e vi que só restava uma múmia, que era a que sobrara da luta com Max. Estava toda despedaçada, suas bandagens rasgadas por causa dos dentes de Max.
Como um suspiro final, expeliu seu gás e se desfez.
Nessa hora, aproveitei e fiz aparecer o barril onde estavam os ingredientes.
- Canaro zaloi!
Peguei um potinho que se encontrava dentro e capturei um pouco do gás que se depositara no ar.
Guardei-o dentro do barril e o fiz sumir.
- Zaloi canaro!
O cheiro era horrível e tampamos o nariz. O focinho de Max era sensível, assim como o olfato de quimera de Sam, e os dois caíram inconscientes. Não ousei abrir a boca, pois o cheiro entraria. Depois do que contei ter dado dois minutos e 38 segundos – eu gostava de nadar e treinava segurar a respiração -, não aguentei mais segurar a respiração. Vi que Jú não tampava o nariz e me olhava, preocupada.
- Aguenta, Safí! Você tem que aguentar!
Tudo começou a girar.
- Não...consigo... - e desmaiei.
°°°
Ouvi alguém me chamando e uma mão tocou meu ombro. Devagar, abri os olhos e vi que Jú estava na minha frente, olhando para mim.
- Você acordou! – disse ela, sorrindo.
Retribuí o sorriso, me sentei e olhei em volta. Estávamos em uma espécie de quarto, com paredes cheias de hieróglifos.
- Onde estamos? – indaguei.
- Em um compartimento dentro da tumba de Nefertari. Eu os trouxe aqui e fiquei esperando que acordassem.
- Onde estão Sam e Max?
- Eles já acordaram e estão tentando abrir a porta da tumba.
Então me lembrei do que tinha acontecido antes de eu desmaiar.
- Jú, posso te perguntar uma coisa?
- Claro.
- Quando a múmia lançou aquele gás, todos nós tampamos o nariz...menos você. E percebi que você não desmaiou, muito pelo contrário, nem pareceu sentir o cheiro...
- Mas senti. Não sei o que aconteceu, mas não senti o cheiro de maneira tão forte quanto vocês. Foi como se alguma coisa bloqueasse esse odor...não sei. Foi estranho.
Refleti por um instante.
- E o que aconteceu depois que nós desmaiamos?
- Eu trouxe todos vocês para essa sala, que foi a mais perto que achei, e fiquei esperando vocês acordarem. Aproveitei para ficar lendo um pouco sobre essas histórias que falam sobre a Nefertari e o rei Ramsés II. São muito interessantes.
- Então você sabe ler egípcio?
- Sei...
- Como?
Ela balançou a cabeça, confusa.
Fiquei pensando por um tempo, meditando.  Quando eu voltei ao “normal”, percebi que uma onda de energia me envolvia e eu levitava.
Jú me olhava assustada.
- O que você está fazendo? – ela perguntou.
Dei os ombros, igualmente confusa.
Fechei os olhos e me concentrei em voltar ao chão.
Não sei quanto tempo fiquei tentando, sem sucesso.
De repente, me irritei e soltei toda minha energia, a fim de expulsar aquela que me envolvia.
Consegui. Mas essa não foi minha única conquista.
Ouvimos um som de pedra caindo, e percebemos que a pirâmide estava desmoronando.
- Corra! – gritei, e nós duas empurramos a porta do compartimento e saímos correndo, com Jú na frente para me mostrar a saída.
Chegamos à porta, onde encontramos Sam e Max.
Eles nos viram e Sam colocou mais força contra a porta. Então, ela cedeu e nós corremos para fora. Fiquei por último, para ver se todos tinham conseguido sair.
Então, senti uma pedra caindo em cima da minha perna e ouvi o som de ossos estalando. Depois, uma dor insuportável. Tentei andar, mas minha perna estava presa e doía muito.
- Alguém me ajude! – gritei, mas não saiu na altura em que eu desejava, pois a dor me enfraquecia.
Respirei fundo, tentando manter a calma, o que foi um pouco difícil quando você tem o teto desabando sobre você.
Peguei minha varinha e mirei em minha perna, murmurando:
- Gunde goot!
Aliviada, percebi que a dor começou a diminuir, até quase sumir, o que só não aconteceu porque a pedra ainda estava em cima dela. Tentei fazer a pedra levitar com as mãos, mas não consegui, e, com a tensão do momento, me esqueci de qual era o feitiço.
De repente, senti uma mão segurar a minha enquanto outra levantava a pedra.
Notei que a mão que segurava a minha era de Jú e que a que levantava a pedra era de Sam.
Assim que minha perna ficou livre, a dor desapareceu e nós três corremos para a saída, onde Max nos esperava.
Saímos da pirâmide e olhamos para trás.
Apenas para vermos séculos de história egípcia virarem pó.
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Gostaram? Acho q vocês notaram q a Safíra anda bem atrapalhada, fazendo besteiras, sem conseguir controlar direito seus poderes. Mas deem um desconto para ela. Pq vcs vão se surpreender com no fim ;) Até semana que vem! Bjs, Carol =P

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Capítulo 21 = As charadas: Jú pensa rápido



O ogro era grande, gordo e marrom. Presumi que devia ser um agro da montanha. Mas o que fazia no deserto?
- Quem vem lá? – bradou ele.
Entreolhamo-nos e falei:
- Quem quer saber?
- Sou Harder, o ogro da ponte. Se quiserem atravessá-la, terão que resolver minhas charadas. Se acertarem, podem passar. Mas se errarem, morrem.
Novamente troquei um olhar com meus amigos e Jú disse:
- Manda a ver!
O ogro olhou para todos nós, e seu olhar parou em Sam.
- Primeiro você, garoto.
Sam deu um passo à frente. Percebi que seus olhos refletiam desafio. O pouco de treinamento que tivera na montanha com Max estava fazendo efeito. O olhar dele surpreendeu o ogro, mas este se recompôs e começou a falar:
Um cavalo preto,
Após saltar sobre uma alta torre,
Foi cair em cima de um homenzinho
E, nesse momento, o homem desapareceu.
Como foi possível?     
Olhei para Sam. Estava profundamente concentrado. Eu quase podia ver as engrenagens rodando dentro de sua cabeça. Então, vi que a compreensão iluminou seu rosto e ele respondeu:
- Na verdade, isso foi possível porque era um jogo de xadrez. E o que aconteceu foi que o cavalo preto saltou uma torre e comeu um peão.
Harder não pareceu muito contente, mas abriu espaço para Sam atravessar a ponte.
Meu amigo olhou para nós e gesticulei com a boca “Vai!”. Ele assentiu e continuou. Quando chegou do outro lado, o ogro olhou para Max.
- Agora você, cachorro.
Max o olhou nos olhos e esperou.
O ogro perguntou:
- David e Chris conversavam quando um rapaz passou na frente deles e acenou para Chris. David, curioso, perguntou quem era. Então ouviu a resposta: “Eu não tenho irmãs ou irmãos, mas o pai daquele rapaz é o filho do meu pai”. Quem era o rapaz que acenara para Chris?
Admito que aquela charada dera um nó completo em minha cabeça, mas Max pareceu entender.
- O rapaz – ele respondeu, tranquilo - era o filho de Chris.
- Acertou. Pode passar - e Max atravessou a ponte.
Logo depois, os olhos de Harder se voltaram para mim.
- Agora é a sua vez, garota.
Seus olhos faiscavam.
- Dois camelos estavam no deserto, virados em direções opostas. Um estava voltado para o leste e o outro diretamente para oeste. Como podem olhar um para o outro sem andar, virar-se ou sequer mexer as cabeças?
Pensei por um instante. Como seria possível? Não tinha como se olharem de costas, cada um virado para uma direção. A não ser que...
De repente, tudo se encaixou, e eu soube a resposta.
- Os dois camelos não precisavam se mexer, pois já estavam, o tempo todo, um de frente para o outro, e assim voltados em direções opostas.
Ele me mostrou os dentes, frustrado, mas me deixou passar.
- Agora você – ele falou para Jú
Olhei para ela, e vi que olhava para o ogro. Atravessei a ponte e fiquei ao lado de Sam e Max.
Harder perguntou:
- Em um lugar há 5 pessoas e uma cesta com 5 maçãs dentro dela. Cada uma dessas pessoas ganha uma maçã da cesta, mas ainda assim sobra uma maçã dentro da cesta. Como isso é possível?
Olhei para minha amiga, nervosa, e ela, sentindo meu olhar, ergueu a cabeça me lançou um sorriso tranquilizador. Depois voltou seus olhos para o ogro, e respondeu:
- Para a última pessoa foi entregue a cesta com a maçã dentro.
O ogro a olhou, olhos fervendo de raiva, e trovejou:
- Você trapaceou! Olhou para sua amiga e ela lhe deu a resposta! Trapaceira!
Jú olhou para ele, incrédula.
- O quê?! Claro que não! Eu já sabia a resposta.
- Você errou, portanto, deve morrer! – gritou Harder, triunfante.
Fiquei brava, muito brava, e meus olhos começaram a ficar escuros, até quase atingirem um tom preto.
Comecei a andar em direção a ponte. Ouvi Sam gritando para eu parar, mas eu o ignorei. Minha amiga precisava de ajuda.
Quando eu ia colocar o pé na ponte, senti uma mão agarrando meu braço e me puxando para trás. Eu me virei e vi que Sam me segurava, seu olhar determinado.
Sua mão apertava meu braço com força, uma força fora do normal, e tentei me desvencilhar, mas não consegui. Sua força de quimera era muito forte.
- Sam, me solta! – mandei, irritada.
- Não até que desista de atravessar a ponte.
- Por quê?! Tenho que salvar a Jú!
- Mas se você colocar um pé na ponte, vai ser eletrocutada e virar pó!
Apenas para me mostrar, Sam desenterrou uma pedra com a outra mão e a lançou com força em direção à ponte. Foi como se houvesse um campo de força invisível, pois saíram faíscas da pedra e ela se desintegrou.
Assustada e horrorizada ao pensar que eu teria tido o mesmo destino da pedra se Sam não tivesse me impedido, eu me afastei da ponte, e ele soltou meu braço.
Eu o olhei agradecida, e ele sorriu. Pelo canto do olho, vi que Max meditava, e voltei os olhos para Jú e o ogro, do outro lado da ponte.
Eu não queria perder minha melhor amiga, mas o que eu podia fazer?
Era um sofrimento saber que ela ia morrer e que eu não podia fazer nada, apenas observar.
- Isso não é justo! – gritou Jú.
O ogro parou e a raiva iluminou seu olhar.
- Meu sofrimento não foi conquistado justamente – ele disparou. – Morlogol tomou minha liberdade por pura maldade, e agora tenho que guardar esta ponte até que a última pessoa atravesse-a.
Nesse momento vi um raio de compreensão iluminar os olhos de Jú, e ela olhou para o ogro com audácia.
- Então você deve guardar essa ponte até que a última pessoa atravesse-a? – vi um meio sorriso se formar no rosto dela. – E que como eu supostamente “errei” a charada, não posso atravessar essa ponte?
Notei a ênfase de ela deu nas duas vezes que usou a palavra essa, e entendi o que ela estava pensando. Enfiei a mão no bolso e peguei minha varinha.
- Você deve guardar e eu não posso atravessar essa ponte, não é? – e quando o ogro assentiu, ela olhou para mim, e entendi que era o momento.
Estendi a varinha em direção à ponte e gritei:
- Hoolish fynn! – e um raio azul saiu da ponta da varinha.
Mas ele não atingiu a ponte, por causa do campo de força. Cerrei os punhos, tentando destruí-lo, mas era inútil. Tentei usar mais energia, mas o campo de força permanecia intacto. Eu estava quase caindo esgotada quando senti uma mão segurar a minha estendida. Virei-me e vi que era Sam.
- Use a minha energia. Pode ajudar – e deu os ombros, mas o olhar determinado.
Senti Max também se aproximar de mim e encostar-se em minha perna, e ouvi sua voz em minha mente: A minha também pode ser útil.
Assenti e senti uma onda de força me percorrer. Concentrei todo o meu poder no campo, e uma explosão lançou todos nós ao chão. Esfreguei os olhos para tirar a poeira e tateei até encontrar minha varinha. Sentei-me e olhei em volta. Sam olhava ao redor confuso, assim como Max. Voltei o olhar para onde deveria estar a ponte, e vi que não havia mais nenhuma ponte. Jú e Harder olhavam para nós, ela feliz e ele desorientado.
Então aconteceu uma coisa: foi como se correntes invisíveis tivessem desaparecido, pois a pele do ogro assumiu um tom escuro de verde e ele estremeceu.
Depois disso, todos nos levantamos, esperando o que aconteceria em seguida.
- Safí, acho que você já sabe o que fazer – disse Jú, me olhando com um meio sorriso.
Eu o retribuí e apontei minha varinha para o rio.
- Cratk idetr! – e uma ponte se formou no lugar da outra.
Nesse momento, Sam e Max entenderam nosso plano, e assentiram, mas Harder ainda continuava confuso, e Jú resolveu explicar a ele o que havíamos feito.
- Você não disse que teria que guardar essa ponte até que a última pessoa a atravessasse? A última pessoa que o atravessou foi a Safíra, pois agora que aquela ponte foi destruída, ninguém mais poderá atravessa-la, Portanto, você não precisa mais guarda-la. Entendeu?
- Então por que sua amiga fez outra ponte? – Harder indagou.
- Para que qualquer um possa atravessar o Nilo – respondi.
O ogro assentiu.
- Muito obrigado pela ajuda. Vocês quebraram o feitiço que Morlogol lançou. Estou em dívida com vocês. Se precisarem de ajuda, podem chamar – e estendeu a mão.
Jú sorriu e apertou a mão do ogro.
- Adeus! – ele nos disse e desapareceu.
Então, minha amiga atravessou a ponte e veio caminhando em nossa direção, a expressão de dever cumprido.
- Ele só cumprimenta você! Fiquei magoada – brinquei, fingindo estar ofendida.
Jú sorriu e me abraçou, e eu retribui.
- Obrigada pela ajuda, Safí – ela disse.
- Não me agradeça, pois eu não teria conseguido destruir o campo de força sem a ajuda do Sam e do Max – e sorri para os dois, que coraram.
Ela se virou para eles e os agradeceu também, fazendo corarem ainda mais, o que nos fez rir.
- Você pensou rápido, Jú – elogiou Sam. – De onde tirou aquela ideia?
- Não sei – minha amiga respondeu. – Simplesmente veio na minha cabeça. De algum modo eu soube sobre o feitiço de Morlogol e bolei esse plano.
Eu nós a olhávamos, surpresos.
- Você descobriu o feitiço só de olhar para o ogro? – indaguei.
Ela assentiu.
Isso me fez lembrar que havia um tipo de ser no mundo mágico que tinha esse poder. Mas na hora não me veio à cabeça quem eram.
- Mas que bom que você entendeu rápido o que eu queria fazer, pois ficou bem mais fácil – ela ajuntou.
Foi minha vez de corar, e senti uma mão segurar a minha delicadamente. Senti que era a de Sam e voltei meu olhar para ele, minhas bochechas queimando. Vi que ele sorria, e eu retribuí. Confesso que eu não soube dizer quem estava mais vermelho, ou quem sorria mais. Senti meu coração disparar.
Pelo canto do olho, percebi que Jú olhava de um rosto para outro, desconfiada.
De repente, ouvi Max abafar uma exclamação e seguimos seu olhar. Com toda a confusão, nem havíamos notado o que se estendia sobre nossas costas. A tumba de Nefertari.
- Vamos, gente – chamou Jú, que de repente notei que corria em direção à tumba, e já estava bem na nossa frente (ela era a que corria mais rápido entre nós).
Eu ri e saí correndo atrás dela, e Sam me seguiu, Max logo atrás. Juntos, nós quatro saímos correndo felizes em direção à tumba, sem saber o que nos aguardaria lá dentro.
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E aí, pessoas? Gostaram? Viram que eu mudei o design? O que acharam? Nenhum comentário...tudo bem. Semana que vem tem mais. Bjs, Carol =I