Depois de procurar bastante, encontramos uma porta na tumba e, com a ajuda de Sam, conseguimos empurrá-la.
Quando entramos, ficamos no escuro total. Peguei minha varinha e murmurei:
- Uno rauthr! - e a ponta da varinha emitiu uma luz azul, que nos permitiu enxergar.
O interior da tumba era magnífico, cheio de pinturas e hieróglifos. Fomos seguindo em frente, admirando. Notei que Jú murmurava alguma coisa baixinho, e percebi que ela lia o que estava escrito. Fiquei surpresa, mas depois me toquei: deviam ser os poderes dela. Mas eu ainda não conseguia me lembrar de que tipo de ser tinha aqueles poderes.
Então um barulho me despertou – eu estava meditando.
- Vem de algum lugar à nossa frente – Max nos alertou. O nosso olhar se voltou em direção ao barulho.
- E está vindo em nossa direção – informei.
- E não apenas um. São quatro – falou Jú.
Ouvimos o mesmo barulho novamente, mas vindo das nossas costas.
- E há três vindo por trás de nós – afirmou Sam.
Ficamos parados, eu com a varinha apontada para frente e  Jú ao meu lado, e Sam e Max protegendo nossa retaguarda. De repente, escutamos um ronco e na hora eu soube o que eram.
- Múmias.
Quando consegui ver que estavam na minha frente, fiquei nervosa e lancei:
- Reander holl!
Acertou a múmia que estava mais perto, mas não fez efeito. Só então me lembrei de que múmias são imunes à magia.
Meu feitiço apenas serviu para deixá-las mais irritadas, e começaram a andar mais rápido.
- Acho que isso não foi uma atitude muito inteligente, Safí – comentou Jú.
- Também acho que não. Desculpe.
- Tudo bem.
Tá bom, eu admito: se existe algum ser do qual eu tenho medo, são de múmias. Elas me assustam, ainda mais porque são imunes a magia, que é o meu jeito de combater monstros. São todas cobertas por faixas, com um buraco para os olhos e a boca, que em minha opinião seria melhor se nem existissem, pois os olhos são vermelhos como sangue, e aterrorizam qualquer um que os olhe diretamente; e a boca parece um buraco negro, e de dentro sai um gás que tem cheiro de algo que foi guardado por três mil anos. Cá entre nós, você não vai querer sentir esse cheiro. Bom, acho que você já entendeu o porquê do meu medo.
As múmias se aproximaram ainda mais e, pelo canto do olho, percebi que Jú não estava mais ao meu lado, mas alguns metros a minha frente lutando com duas múmias. Como ela fizera isso? Alguns segundos atrás estava ao meu lado... Fiquei surpresa ao ver as investidas que ela dava. Em instante, uma das múmias já tinha virado pó.
Atrás de mim, Sam e Max também lutavam. Sam fez aparecer uma bola de fogo do nada e a lançou contra uma múmia. Não era grande, mas serviu para deixar as múmias apavoradas. Max estava fazendo um bom trabalho com uma delas. Correu em sua direção e passou por baixo de suas pernas. A múmia ficou confusa por alguns segundos, mas isso bastou e ele pulou em suas costas, fazendo-a perder o equilíbrio e cair.
Uma delas passou os olhos por mim, veio em minha direção e investiu.
Então, uma coisa aconteceu. Foi tudo muito rápido. Quando o monstro veio para cima de mim, algum instinto tomou conta do meu corpo e eu desviei e, quando a múmia passou por mim, dei um chute para trás, acertando em cheio as costas dela, que caiu. Levantou-se rapidamente e lançou um braço em minha direção. Virei-me e coloquei o braço direito na frente, bloqueando o golpe, e com a outra mão, dei um soco na barriga da múmia, fazendo-a se desintegrar.
Não tenho ideia de como fiz aquilo. Só sei que fiz e pronto.
Olhei em volta e vi que só restava uma múmia, que era a que sobrara da luta com Max. Estava toda despedaçada, suas bandagens rasgadas por causa dos dentes de Max.
Como um suspiro final, expeliu seu gás e se desfez. 
Nessa hora, aproveitei e fiz aparecer o barril onde estavam os ingredientes.
- Canaro zaloi!
Peguei um potinho que se encontrava dentro e capturei um pouco do gás que se depositara no ar.
Guardei-o dentro do barril e o fiz sumir.
- Zaloi canaro!
O cheiro era horrível e tampamos o nariz. O focinho de Max era sensível, assim como o olfato de quimera de Sam, e os dois caíram inconscientes. Não ousei abrir a boca, pois o cheiro entraria. Depois do que contei ter dado dois minutos e 38 segundos – eu gostava de nadar e treinava segurar a respiração -, não aguentei mais segurar a respiração. Vi que Jú não tampava o nariz e me olhava, preocupada.
- Aguenta, Safí! Você tem que aguentar! 
Tudo começou a girar.
- Não...consigo... - e desmaiei.
°°°
Ouvi alguém me chamando e uma mão tocou meu ombro. Devagar, abri os olhos e vi que Jú estava na minha frente, olhando para mim.
- Você acordou! – disse ela, sorrindo.
Retribuí o sorriso, me sentei e olhei em volta. Estávamos em uma espécie de quarto, com paredes cheias de hieróglifos.
- Onde estamos? – indaguei.
- Em um compartimento dentro da tumba de Nefertari. Eu os trouxe aqui e fiquei esperando que acordassem.
- Onde estão Sam e Max?
- Eles já acordaram e estão tentando abrir a porta da tumba.
Então me lembrei do que tinha acontecido antes de eu desmaiar.
- Jú, posso te perguntar uma coisa?
- Claro.
- Quando a múmia lançou aquele gás, todos nós tampamos o nariz...menos você. E percebi que você não desmaiou, muito pelo contrário, nem pareceu sentir o cheiro...
- Mas senti. Não sei o que aconteceu, mas não senti o cheiro de maneira tão forte quanto vocês. Foi como se alguma coisa bloqueasse esse odor...não sei. Foi estranho.
Refleti por um instante.
- E o que aconteceu depois que nós desmaiamos?
- Eu trouxe todos vocês para essa sala, que foi a mais perto que achei, e fiquei esperando vocês acordarem. Aproveitei para ficar lendo um pouco sobre essas histórias que falam sobre a Nefertari e o rei Ramsés II. São muito interessantes.
- Então você sabe ler egípcio?
- Sei...
- Como?
Ela balançou a cabeça, confusa.
Fiquei pensando por um tempo, meditando.  Quando eu voltei ao “normal”, percebi que uma onda de energia me envolvia e eu levitava.
Jú me olhava assustada.
- O que você está fazendo? – ela perguntou.
Dei os ombros, igualmente confusa.
Fechei os olhos e me concentrei em voltar ao chão.
Não sei quanto tempo fiquei tentando, sem sucesso.
De repente, me irritei e soltei toda minha energia, a fim de expulsar aquela que me envolvia.
Consegui. Mas essa não foi minha única conquista.
Ouvimos um som de pedra caindo, e percebemos que a pirâmide estava desmoronando.
- Corra! – gritei, e nós duas empurramos a porta do compartimento e saímos correndo, com Jú na frente para me mostrar a saída. 
Chegamos à porta, onde encontramos Sam e Max.
Eles nos viram e Sam colocou mais força contra a porta. Então, ela cedeu e nós corremos para fora. Fiquei por último, para ver se todos tinham conseguido sair.
Então, senti uma pedra caindo em cima da minha perna e ouvi o som de ossos estalando. Depois, uma dor insuportável. Tentei andar, mas minha perna estava presa e doía muito.
- Alguém me ajude! – gritei, mas não saiu na altura em que eu desejava, pois a dor me enfraquecia.
Respirei fundo, tentando manter a calma, o que foi um pouco difícil quando você tem o teto desabando sobre você.
Peguei minha varinha e mirei em minha perna, murmurando:
- Gunde goot!
Aliviada, percebi que a dor começou a diminuir, até quase sumir, o que só não aconteceu porque a pedra ainda estava em cima dela. Tentei fazer a pedra levitar com as mãos, mas não consegui, e, com a tensão do momento, me esqueci de qual era o feitiço.
De repente, senti uma mão segurar a minha enquanto outra levantava a pedra.
Notei que a mão que segurava a minha era de Jú e que a que levantava a pedra era de Sam.
Assim que minha perna ficou livre, a dor desapareceu e nós três corremos para a saída, onde Max nos esperava.
Saímos da pirâmide e olhamos para trás. 
Apenas para vermos séculos de história egípcia virarem pó.
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Gostaram? Acho q vocês notaram q a Safíra anda bem atrapalhada, fazendo besteiras, sem conseguir controlar direito seus poderes. Mas deem um desconto para ela. Pq vcs vão se surpreender com no fim ;) Até semana que vem! Bjs, Carol =P
 
 
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