segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Capítulo 29 = Quando tudo parecia perdido


Acordei com o primeiro raio de sol. Max e Ryan ainda dormiam e, depois de comer um pouco do que restara do Coelho Ralado da noite passada, sai da caverna para andar um pouco e explorar o lugar.
Descobri que a caverna de Morlogol ficava há uns dois quilômetros de onde estávamos. Espiei por algum tempo o lugar, invisível, e me espantei com a quantidade de guardas. Não tentei entrar, pois já era tarde e eu tinha que voltar.
Eu já saíra de lá, e voltara a ser visível novamente quando ouvi um grito. Atenta, voltei furtivamente para o lugar e o que vi me deixou com raiva.
Um dos guardas, um monstro de três metros de altura, enforcava o que parecia ser um coelho, mas do tamanho de um cachorro - acho que era essa espécie que Ryan vinha procurando. Ver o pobre animal sendo quase morto pelo soldado fez uma bola de poder me cercar. Senti meus olhos escurecendo e a raiva tomando conta de mim. Dei um passo à frente, me preparando para mata-lo, mas parei quando me lembrei do que Ryan me ensinara. Fazer coisas quando você está dominado pela raiva só fará com que você se arrependa depois. Respire fundo e se acalme, ouça a voz da razão. Então pense, e depois aja.
Fiz exatamente o que ele disse e, depois de pensar um pouco, lancei um raio-bumerangue. Eu aprendera na Magia High School, e ele era muito útil. Silencioso, era um raio em forma de bumerangue, e dava um choque bem forte. Ele fazia uma volta, de modo que o inimigo pensaria que ele veio do lado oposto ao que você está.
Quando acertou o guarda, ele gritou, e o coelho caiu no chão. O monstro pareceu esquecê-lo e começou a andar em direção de onde pensava ter vindo meu ataque, ou seja, para o lado contrário ao que eu me escondia. Aproveitei a deixa e, usando o feitiço de supervelocidade que eu havia aprendido, peguei o coelho e voltei para onde eu estava escondida. Ele era pesado, e meus braços ficaram doendo. Assustado, ele saiu correndo para longe de mim e do guarda. Sorri e, ao ver o guarda tentando me achar, achei melhor ir também, pois daqui a pouco Max e Ryan sairiam para me procurar.
Voltei, e não fiquei surpresa quando os dois começaram a me encher com perguntas sobre onde eu estava. Contei o que tinha acontecido, e Ryan deu alguns tapinhas em minhas costas, orgulhoso. Max me deu uma pequena bronca, mas percebi que era com carinho, pois ele ficara preocupado comigo. Mas depois sorriu e me deu os parabéns por ter conseguido me controlar e pensar rápido.
Depois de conversar um pouco, decidimos que estava na hora de ir até a caverna de Morlogol e conseguir o chifre. Fiquei triste quando soube que Ryan não nos ajudaria, mas ele me abraçou e disse:
- Voltaremos a nos ver, Safíra, e não vai demorar. Além disso, você está preparada. Não precisa da minha ajuda.
- Você acha que consigo vencer sozinha? – indaguei, duvidosa.
- Eu não disse isso. Falei que não precisará mais da minha ajuda. Já fiz minha parte: te preparei para o que vai enfrentar. Agora você seguirá em frente, mas não estará sozinha. Não se esqueça, você também tem Max. Ele pode ajudar bastante.
Meu cachorrinho me lambeu, concordando. Fiz carinho nele, e ele rolou no chão, feliz ao sentir meu toque. No início, isso me deixou um pouco aturdida, pois para mim era fácil esquecer que, apesar de ser uma criatura mágica dotada de grande sabedoria, Max ainda era um filhote de cachorro. Mas depois ri e comecei a fazer cócegas em sua barriga, o que o deixou ainda mais alegre. Ele mordeu de leve meu braço, como que retribuindo meu carinho, e passei a mão pela cabecinha dele.
Ryan observava a tudo sorrindo, um sorriso que parecia ao mesmo tempo feliz e triste. Feliz ao ver nós dois nos divertindo, mas triste ao se lembrar da família que ele um dia tivera. Ele me contara uma vez sobre como perdera os pais e o irmão mais velho quando tinha 12 anos. Isso envolvia um desmoronamento, um feiticeiro malvado e um ato de coragem.
Ryan brincou um pouco com Max e, depois de se despedir de nós, desapareceu em uma nuvem de fumaça.
Agora era só eu e Max contra um feiticeiro de magia negra. Pelo menos era o que eu pensava.
°°°
Respirei fundo e fiz um sinal para Max, dizendo que não havia nenhum guarda. Estávamos dentro da caverna de Morlogol, e já havíamos matado vários guardas e escondido seus corpos sem o menor barulho, para não chamar a atenção.
Eu estava invisível, mas Max tinha um instinto que o permitia me ver, e assim saber o que eu fazia e para onde eu estava indo. Virei um corredor e vi um grupo de guardas, então voltei e avisei Max.
- Vá na frente, Safí. Ache Morlogol e pegue o chifre. Eu cuido desses guardas e depois te alcanço.
Hesitei, pois não queria deixa-lo sozinho, mas, depois de algum esforço, ele conseguiu me convencer, e passei silenciosamente pelos guardas. Continuei andando, procurando a sala onde ficava meu inimigo. Passei por várias portas, e as poucas que tive coragem de abrir me deixaram aterrorizada. Dentro delas vi monstros que o mundo mágico nunca sonharia existirem, que só poderiam aparecer nos piores pesadelos. Apesar disso, consegui me acalmar e segui em frente, e de algum modo eu sabia que estava quase chegando à sala que procurava.
Não precisei do meu instinto para saber que encontrara o lugar em que Morlogol estava. Vi seis guardas cuidando da entrada, mas não entendi por que estavam ali. Só a imensa onda de magia negra que vinha da sala já manteria qualquer ser longe daquele lugar pelo resto da vida.
Escolhi lançar um raio paralisante nos monstros. Eles realmente pareciam estátuas, e só se mexiam se viam algum intruso. Com esse feitiço, apesar de eu estar invisível, eles não me impediriam de entrar na sala, mas ainda pareceria que guardavam a sala como se nada tivesse acontecido, e ninguém daria o alarme.
Silenciosamente, entrei na sala. Nem tive tempo de olhar em volta, pois de repente toda a força pareceu deixar meu corpo, e cai sentada. Parecia que algo sugava minha energia, e logo percebi que era o poder negro de Morlogol. Ele estava sentado em uma espécie de trono negro, seus olhos com um tom mais escuro do que os de Jú, e usava uma capa cor de sangue. Não pude deixar de notar que uma de suas pernas era falsa, resultado da luta contra Forthern. Ele era alto e, apesar dos cabelos grisalhos e das rugas, eu sabia que ele era mais forte do que qualquer coisa que eu jamais conhecera.
Com muito esforço, me levantei e me aproximei dele. Ele olhava para algum lugar atrás de mim, e parecia perdido em pensamentos.
Eu estava a poucos metros do feiticeiro quando ouvi sua voz áspera, que me deu arrepios:
- O que faz em minha caverna?
A pergunta me pegou de surpresa. Virei-me em direção a entrada, para ver se ele falava com alguém atrás de mim, mas não havia ninguém. Só a porta. Eu sabia que ele era velho e meio louco, mas achava que não a ponto de falar com uma porta.
- Não, estou com falando com você mesmo, feiticeira – Morlogol disse.
Então olhei para frente e vi que ele me encarava, e encontrei seu olhar. Péssima ideia. Senti um tremor percorrer meu corpo, e me perdi na escuridão do olhar dele. Lembrei-me de tudo de ruim que sentira desde que meus amigos descobriram o que eu era. Decepção por saber que eu revelara aos humanos a existência de feiticeiros; fracasso depois da luta com a quimera; a sensação de ser subestimada quando meus amigos disseram que eu não conseguiria derrotar Forthern; inferioridade diante da esperteza de Jú e dos poderes dela e de Sam; idiotice ao ver que pensava que os dois estavam tão confusos quanto eu em relação a seus poderes; e abandono ao saber que agora era só eu e Max na busca. Tudo isso veio em minha mente ao mesmo tempo, e me senti ainda mais fraca. Senti meus joelhos encostando-se no chão, e devo dizer que naquele momento me sentia a pessoa mais odiada do mundo, e Morlogol ainda incentivava isso, falando em minha cabeça.
De repente, senti um monstro em chamas passar correndo atrás de mim. Não entendi por que, mas meu coração deu um salto, como se algo naquele monstro me fosse familiar, e uma sensação boa me invadiu, protegendo-me daqueles sentimentos ruins. Bloqueei a voz do feiticeiro e então veio em minha mente todas as boas sensações que sentira desde o início. Alívio por não ter mais que esconder minha identidade de Jú e Sam e por eles entenderem o porquê de eu ter escondido que eu era feiticeira; diversão quando eu e Jú ficamos irritando Sam para liberar sua força; alegria ao descobrir que eu tinha amigos com poderes; sensação de vitória ao me mostrar digna de receber as garras de dragão; e felicidade ao reencontrar Ryan. Ignorei o pensamento de que eu tivera mais sensações ruins do que boas em relação a meus amigos. Sentia-me mais forte, e novamente me levantei, ainda encarando Morlogol nos olhos. A voz de minha mãe veio em minha mente.
Basta você ter amor e felicidade no coração que as trevas se enfraquecem. Nunca desista, filha. Lute com a mente e o coração.
Foi o que fiz. Fixei minha cabeça em pensamentos bons e, passados quinze segundos, Morlogol desviou o olhar. Dei um meio-sorriso, vitoriosa, e respondi a pergunta que ele me fizera assim que eu havia entrado na sala.
- Vim aqui porque o segredo dos feiticeiros está em perigo. Muitos humanos descobriram a nossa existência, e estou em uma busca para conseguir os ingredientes de uma poção do esquecimento. Estou quase no fim, e o último é um chifre de minotauro, e soube que você tem um. Será que poderia me dá-lo? Assim nosso segredo estaria salvo.
Ele pareceu pensar, seu olhar voltado para o chão, e vi que ele evitava me olhar nos olhos. Caramba, imagina se o pessoal da Magia High School soubesse que o mais forte feiticeiro de magia negra evitava meu olhar? Pensar nisso me deu arrepios.
- Se acha que vou te dar o meu objeto mais precioso simplesmente para consertar a besteira de uma adolescente - não fiquei surpresa por ele saber como o segredo fora revelado -, está muito enganada. Mesmo que isso revele ao mundo nossa existência, não me importo.
Quando ele terminou de falar, cerrei as mãos em punho, mas consegui me controlar. Morlogol se fortalecia com a raiva, por isso eu tinha que continuar negociando. Nesse momento, tive uma ideia. Era arriscado, mas eu tinha que tentar.
- E se eu lhe propuser um desafio?
Isso pareceu chamar a atenção dele, e o feiticeiro ergueu um pouco o olhar, de modo que olhasse para o alto da minha cabeça, ainda sem olhar em meus olhos.
- Fale mais – ele disse.
- Uma luta. Se eu ganhar, você terá que me dar seu chifre de minotauro, e me deixar partir, junto de meus amigos.
Não sei por que falei meus amigos, e não meu amigo. Foi automático - o que queria dizer que eu ainda não me acostumara com a ausência de Jú e Sam -, mas ainda assim não voltaria atrás.
- E se eu ganhar, você me dará todo o seu poder e será minha prisioneira para o resto da vida, junto com quem estiver com você.
-Não! – falei sem pensar. – Somente eu. Não envolva ninguém nisso. Você não precisa dos outros – de novo o plural. O que acontecia comigo?! – Não são feiticeiros. Somente eu sou.
Ele cerrou os olhos, mas depois assentiu.
- Ótimo. Só preciso de seu poder mesmo.
Concordei, satisfeita. Não queria que ninguém ficasse em perigo por minha causa. Pelo menos não mais do que o suficiente.
- Então? Aceita o desafio? – indaguei.
Ele pensou por um instante, me depois respondeu:
- Sim, aceito.
Comemorei internamente. Ele se levantou de seu trono negro e deu passos em minha direção. Continuei parada, apesar de meu instinto me dizer para recuar.
- A luta começa... – ele começou.
- Agora! – completei, e atacamos no mesmo segundo, nós dois com a varinha.
Inicialmente, meu raio azul vacilou um pouco em relação ao negro de Morlogol, mas depois consegui recuperar. Não sei quanto tempo ficamos nisso, e comecei a me cansar. Não deixei transparecer, e coloquei mais poder, o que fez o raio do feiticeiro recuar um pouco. Ao perceber isso, ele pareceu tomar uma decisão. Estalou os dedos e um grande grupo de guardas entrou da sala.
- Ei! – reclamei. – A luta é entre nós dois. Não coloque seus guardas nisso.
Nesse momento, ele me olhou nos olhos.
- Você não disse que era uma luta apenas entre nós dois.
Fuzilei-o com o olhar, e os guardas começaram a andar em nossa direção. Um deles atirou um dardo, que acertou minhas costas. Uma forte dor me invadiu, e meu raio recuou quase um quarto da linha. Senti sangue escorrer pelas minhas costas, e com a outra mão lancei uma pequena bola de poder no monstro, acertando-o em cheio e o derrubando. Mas logo um de seus companheiros tomou seu lugar, e outro dardo atingiu meu ombro, o que fez meu raio quase sumir.
De repente, os pêlos de minha nuca se eriçaram, e meu instinto me disse que o que vinha em seguida era uma espada. Eu sabia que se fosse atingida nas costas por ela, morreria. Por isso, pensei e agi rápido. Enquanto interrompia meu minúsculo raio, girei para o lado e o ataque de Morlogol atingiu a espada e o monstro, transformando-os em pó. Mas o giro fez minhas costas latejarem, e derrubei a varinha de tanta dor.
Nesse momento, ouvi um rugido, e quase pude sentir a sala tremer. Vinha do lado de fora, e olhei desesperada para Morlogol, para ver se o monstro que dera aquele rugido era dele. Mas ao ver que ele parecia tão assustado quanto eu, fiquei confusa. Aproveitando a deixa, um monstro ergueu uma lança sobre minha cabeça, mas consegui acertá-lo na barriga, e desviei quando a arma caiu no chão.  Peguei minha varinha e, guardando-a no bolso, comecei a lançar feitiços com as mãos, que para mim haviam se tornado muito mais fáceis. Derrubei vários monstros, mas eles pareciam não acabar. Morlogol se recuperou do susto e também começou a atirar feitiços em minha direção, os quais eu tentei desviar. Mas às vezes algum me acertava, e me derrubava no chão, o que dava tempo para os monstros se aproximarem ainda mais de mim. Fui recuando até encostar-me à parede. Morlogol sorriu triunfante, e os guardas estavam a poucos passos de mim. Eram lentos, mas assustadores.
- Você sobreviveu por mais tempo do que eu esperava, feiticeira – falou meu inimigo. – Mas sou mais forte, e eu sabia que mais cedo ou mais tarde você se cansaria, ou não conseguiria mais fugir. Está fraca e cansada, e não pode mais resistir. Renda-se, e facilite as coisas para você. Senão a matarei, e depois retirarei todo o seu poder.
Minhas costas doíam com as feridas fundas feitas pelos dardos, meu rosto estava todo arranhado, um corte em minha testa não parava de sangrar, eu não me aguentava mais em pé e todos os meus ossos doíam. Se eu me redesse, pelo menos tudo acabaria mais rápido. Pensei nessa hipótese por dois segundos, mas logo a esqueci. Eu preferia morrer, sabendo que lutei em um combate até o fim, para consertar um erro que eu cometera. Por Max, Jú e Sam, onde quer que estivessem, eu lutaria, e não me renderia nunca. Se havia algo que eu aprendera era lutar sempre, desistir jamais.
Acho que Morlogol viu tudo isso no meu olhar, e sua expressão se endureceu.
- Se quer da pior maneira, problema seu – e bradou – Que todos vejam o que eu faço com os que me desafiam!
Ergui meu braço, e um escudo fraco me cercou. Eu sabia que não funcionaria, mas não custava tentar.
Morlogol apontou a varinha para mim, e eu sabia que o ataque dele chegaria antes do dos monstros. Ele abriu a boca para dizer o feitiço quando algo o acertou. Os guardas se assustaram e pararam de avançar em minha direção, virando-se para a porta, de onde viera o ataque. Tentei enxergar quem era, mas estava cansada demais e minha visão estava turva. Então olhei para Morlogol, que estava caído no chão, e vi o que o havia acertado. Na hora, compreendi quem estava na porta, quem me salvara da morte. Notei pelo canto do olho que, em menos de dois minutos, todos os monstros estavam caídos no chão, derrotados, e alguém se aproximava de mim. Naquele momento, consegui ver quem era.
Apesar do meu cansaço, consegui sorrir.
Eram Jú e Sam.
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Gostaram?  A história está quase no fim, e espero que estejam curtindo. Até logo! Bjs, Carol ;)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Capítulo 28 = Reencontrando um velho amigo


Acordei com um movimento fora da caverna.  Silenciosamente, me levantei e olhei em volta. Sai da caverna e me escondi. Não tinha nada nem ninguém à vista. Mas meu instinto me dizia que eu estava sendo observada, e eu já aprendera a não ignorá-lo. Vi um movimento em uma moita perto de mim, e me aproximei.
- Quem está aí? – indaguei.
A moita ficou quieta, e quando peguei minha varinha, ela novamente se mexeu e uma coisa pulou dela, me dando um susto, e dei um passo para trás. Confusa, percebi que o que pulara da moita era uma capa. Agachei-me e, olhando mais de perto, notei que aquela capa era familiar.  Aquele tecido vermelho escuro, com o qual eu adorara brincar quando pequena, me trouxe lembranças. Quando lembrei porque ela era tão familiar, ouvi uma voz rouca atrás de mim, a voz que sempre me fazia sorrir.
- Como vai, pequena Safíra?
Virei-me e dei de cara com um homem alto e ruivo, de olhos verdes profundos. Um sorriso iluminou meu rosto, e corri para abraçar aquele homem que eu tanto gostava.
- Ryan! O que faz por aqui? – indaguei.               
- Estava procurando por uma espécie de coelho que vive aqui nessa região. Vou fazer Coelho Ralado.
Meus olhos brilharam ao ouvir esse nome.
Ryan era o mago forasteiro que me ensinara o bloqueio da mente. Mas eu demorara algum tempo para aprender, pois esse era um feitiço muito complicado, e por isso eu costumava ir encontrar com ele em uma caverna perto de casa quase todo o dia antes da escola. Eu convivi com ele por três anos, e nesse tempo ele me ensinara vários outros feitiços interessantes. Ele sempre tivera aquela capa avermelhada, e eu sempre gostara de brincar e passar a mão nela. Ryan era como um irmão mais velho para mim. Ele tinha vinte e oito anos, e eu não o via desde que se mudara dos Estados Unidos, quando eu tinha dez. Ele não tinha uma casa fixa, e vivia se mudando. O tempo que passara em Manhattan foi o maior que passou em algum lugar na vida, e ele só ficara lá por minha causa.
Coelho Ralado era um nome que ele dera para a carne de coelho cozida e cortada em vários pedacinhos. Ele adorava comê-la, assim como eu.
- E você, Safíra? O que faz aqui? Sabe que é perigoso sair por aí sozinha – ouvi o costumeiro tom de zombaria na voz dele, e sorri.
- Não sou mais aquela garotinha, Ryan.  Já sou bem mais forte e sei muitas outras coisas.
“Além de coisas que eu não sabia antes de começar a busca, mas agora eu sei”, e ao lembrar-me de Jú e Sam, senti uma dor no peito.
Ryan ergue as mãos, como se eu estivesse apontando uma arma para ele, e disse:
- Desculpe então, ó grande sábia!
Ri, e ele deu um meio sorriso. Ele sempre conseguia me fazer rir, mesmo quando eu estava triste.
- Você ainda não respondeu minha pergunta – ele lembrou. – O que faz por aqui?
Respirei fundo e lhe contei sobre a busca. Falei dos ingredientes que eu precisava, os que já tinha conseguido, as coisas que fizera e que descobrira, e falei de minha briga com meus amigos. Não pude evitar que algumas lágrimas escorressem, mas ele as enxugou e me abraçou.
- Dê uma chance a seus amigos. Eles podem saber o que são desde que te conheceram, mas você sabe o que você é desde que nasceu. Eles descobriram as duas coisas – que você é feiticeira e que eles são um mago-animal e uma arqueira - há pouco tempo. É muita informação para os dois. Precisam de um tempo para pensar, refletir sobre o que aconteceu. Seus amigos esconderam isso de você, mas você também escondeu o que era deles.
- Mas eu não escondi porque queria, escondi porque era necessário – falei.
- Eles também. E quando souberam que você era feiticeira, tenho certeza que queriam contar para você sobre o que eram. Mas pelo que você me disse, logo depois vocês já partiram em uma busca pelo mundo e não houve mais tempo.
- Jú e Sam fingiram estar impressionados com o que eles podiam fazer ao invés de me contarem que já sabiam.
- Isso só complicaria as coisas. Você estava nervosa por causa do que acontecera com Anna, e eles sabiam que você reagiria sem pensar. Decidiram esperar para te contar quando a busca terminasse, mas você descobriu antes, e reagiu exatamente da forma que eles esperavam.
- Mas também brigaram comigo!
- Safíra, tente também entender o lado deles da história, e não somente o seu. Está esquecendo que, assim como você, os dois também são adolescentes. Pelo que entendi, você zombou e gritou com eles e, apesar de quererem o contrário, reagiram impulsivamente, fazendo o mesmo. Vocês ainda vão aprender a controlar melhor suas emoções. É apenas uma fase.
Mordi o lábio, mas eu me sentia melhor. Meus amigos realmente me conheciam, e fizeram tudo que podia para evitar que desse em uma briga. Mas eu arruinara tudo, e esse pensamento desanimou.
Como se lesse minha mente, Ryan disse:
- Apesar de terem a mesma idade e estarem passando pelos mesmos momentos difíceis, para você é tudo ainda mais difícil, Safíra. Você é humana, mas também é feiticeira, e está na pior fase de dois seres diferentes ao mesmo tempo. Não é à toa que esteja fazendo tanta besteira. Eu me surpreendi por você não ter transformado seus amigos em mosca ou pior.
Apesar de triste, uma risada fraca saiu de meus lábios.
- Eu não chegaria a tanto – comentei.
- Acredite, poderia chegar.
Um ronco baixo de Max, vindo de dentro da caverna, chegou até nós, e Ryan comentou:
- Seu amigo é realmente dorminhoco.
- Pois é – e nós dois rimos, o que fez com que eu me sentisse melhor.
- Quer saber, Safíra? Acho que posso te ajudar.
- Sério? Como?
- Vou te ajudar com algumas técnicas e te ensinar alguns feitiços.
- Não tenho muito tempo.
- Não vai demorar.
Quando Max acordou, contei a ele sobre Ryan – ele ainda não sabia. Ele ficou vendo o mago me ensinar. Devo dizer que o aprendi bastante, mas também ri muito. No final da tarde, o bloqueio da mente estava fresco em minha memória e o feitiço de invisibilidade se tornara fácil, assim como os feitiços com as mãos e o controle de meus poderes.
À noite, comemos Coelho Ralado, e Max adorou.
No dia seguinte, Ryan me ajudou com o treino de luta sem magia e me ensinou o bloqueio de feitiços. À tarde, lembrando-me do que acontecera no Monte Everest, pedi para ele me ensinar um feitiço para correr mais rápido.
Depois desses dois dias, eu já me sentia preparada para enfrentar Morlogol, mesmo estando um pouco apreensiva. À noite, nos sentamos em volta de uma fogueira e, quando estávamos comendo novamente Coelho Ralado, agradeci a Ryan toda a ajuda que ele me dera.
- Não sei se algum dia poderei retribuir tudo o que já fez por mim.
- Você já retribuiu.
- Como?
- Conhecer você foi uma das melhores coisas que já fiz. Sinto-me novamente um adolescente quando estou junto de você. É como uma irmã mais nova que nunca tive. Pode me procurar sempre que precisar, pequena – ele estendeu a mão e bagunçou meu cabelo, me fazendo sorrir.
Ficamos conversando até tarde da noite, e acho que teria ficado a noite inteira se ele não dissesse que eu deveria dormir, para ter força para enfrentar Morlogol no dia seguinte. Eu me deitei e ele deitou-se ao meu lado, e, em questão de segundos, ouvi-o respirando profundamente. Se existia algo que me intrigava era a facilidade com que Ryan conseguia dormir. Acho que ele poderia dormir profundamente debaixo de uma chuva de meteoros.
Apesar do cansaço, demorei um pouco para adormecer. Estávamos quase na boca da caverna, e eu podia ver as estrelas. Ryan me ensinara tudo sobre elas, de modo eu nunca me perderia ser tivesse que me orientar por elas. Eu sabia o nome de cada estrela, assim como a localização de cada uma. Eu as achava incríveis.
Olhando para elas, tentei imaginar como seriam as coisas amanhã.
Será que estava preparada? Será que eu conseguiria derrotar Morlogol e roubar o chifre de minotauro? Eu teria força suficiente para isso? Ou realmente o mundo inteiro saberia sobre os feiticeiros? E quanto a Jú e Sam? Onde estavam? O que faziam? Como será que ficaria nossa amizade? Será que queriam conversar comigo assim como eu queria falar com eles? Será que sentiam minha falta assim como eu sentia a deles?
Mesmo apreensiva, consegui adormecer, pois algo me dizia que, no dia seguinte, todas as minhas perguntas seriam respondidas.
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Yoo ^^ Gostaram? Aproveitem, porque está quase no fim! Até a próxima! Bjs, Carol =]

sábado, 7 de janeiro de 2012

Capítulo 27 = Um pesadelo que se torna realidade

Ao chegar à vila dos duendes, a primeira coisa que eu notei foi que o movimento de cidadãos andando de um lugar ao outro era grande. Vários duendes caminhavam pela vila, entrando e saindo de lojas. Muitos paravam nos cantos das ruas para conversar, e o falatório era bem alto. Ninguém estranhou nossa presença, pois já estavam acostumados a ter visitantes em suas vilas.
Fiquei pensando na melhor maneira de conseguir o ingrediente de que precisávamos. Imagine se você um dia andasse pela cidade e, de repente, alguém te parasse e perguntasse se você poderia fazer a gentileza de lhe dar 10 fios de cabelo do seu nariz. Seria estranho. Muito estranho.
Felizmente, Max conhecia vários deles, e logo começou a conversar com três duendes. Falaram sobre algumas coisas alheias, mas depois conversaram sobre o ingrediente. Um deles olhou para Max como se ele fosse maluco, outro saiu correndo e o terceiro assentiu, pensativo. O nome dele era Luvk.
O duende nos levou para um bar, onde pagou-nos uma bebida, que tinha um tom cinza. Era doce e lembrava vagamente suco de groselha. Luvk nos fez várias perguntas sobre a busca, as quais respondemos com sinceridade – Max dissera que ele era confiável. Depois de um tempo, ele cedeu, e fiz aparecer uma pinça, que ele usou para arrancar 10 pêlos de seu nariz. Não posso dizer que foi uma visão agradável.
Quando ele estendeu a mão para me devolver, dei um sorriso amarelo:
- Não, pode ficar. É um presente.
Ele agradeceu, sorrindo, e depois de guardar o ingrediente, resolvemos dar um tempo. Fomos a várias lojas, e conheci vários cidadãos. Fiquei impressionada com a quantidade de duendes que Max conhecia. Quando eu o perguntei, ele me disse que sempre conversava com eles por ligações. Indaguei por que eu nunca o vira falando com eles antes, e ele respondeu:
- Converso com eles no sótão enquanto você fica conversando com Âmbar no seu quarto.
- Por que conversa com duendes?
- Eles são engraçados. – e deu os ombros.
Depois nós nos separamos. Sam e Jú ficaram conversando com um duende, e eu e Max fomos ver uma loja de roupas tradicionais. Sempre achei fofos aqueles ternos verdes que os antigos duendes costumavam usar.
Depois disso, nós dois passeamos um pouco pela vila, até que um movimento em um bosque mais afastado me chamou a atenção. Juntos, nós seguimos até lá, e ao andar um pouco, cheguei a uma clareira. Nos escondemos atrás de uma árvore para não sermos vistos, e a cena que se seguia em minha frente me assustou. O que eu vi? Jú e Sam treinando. Isso não parece lá grande coisa, mas não foi o fato de estarem treinando que me espantou, e sim o grau do treinamento. Parecia que treinavam há anos.
Sam canalizava grandes bolas de fogo e as atirava em inimigos invisíveis, parando os jatos antes que chegassem às árvores. Jú deixara a aljava no chão e atirava flechas em vários alvos espalhados pela clareira com uma agilidade impressionante, como se fizesse aquilo a vida inteira.

Por algum tempo, tanto eu quanto Max ficamos aturdidos demais para fazer qualquer coisa além de olhar. Então me recuperei e entrei na clareira sorrindo, Max me seguindo.
- Caramba! Em tão pouco tempo, vocês já avançaram mais do que qualquer um imaginaria! São realmente impressionantes! Eu não conseguiria aperfeiçoar uma técnica assim tão rápido...
Uma sensação de inferioridade se apoderou de mim naquele momento. Como eles conseguiam fazer isso?! Eu demoro muito mais tempo do que isso para aprender algum feitiço. Esforçava-me tanto para ser boa, mais ainda assim eles conseguiam ser muito melhores que eu... Não parecia justo.
Ergui o olhar e vi que os dois se entreolhavam. Pareciam estar tentando decidir alguma coisa, e uma grande desconfiança me atingiu. Apesar disso, mantive o sorriso inicial, e ninguém que me visse poderia imaginar a confusão de sentimentos dentro de mim.
Os dois ergueram o olhar e me olharam nos olhos. Jú mordeu o lábio inferior e Sam desviou o olhar.
- O que aconteceu? – indaguei, a testa franzida. – O que estão escondendo?
De propósito, repeti a mesma frase que Jú dissera no dia em que haviam descoberto minha identidade. Notei que eles perceberam, e pareceram culpados.
Esperei um dos dois falarem, e ao perceber que Jú não diria nada, Sam voltou os olhos para os meus e confessou:
- Safí, nós avançamos muito sim, mas não foi tão rápido. Já treinamos há algum tempo...
Não respondi, tentando entender o que ele queria dizer.
Sam prosseguiu:
- Descobrimos o que somos um pouco depois de te conhecermos. Comigo aconteceu primeiro. Percebi que podia lançar fogo depois de um tempo, e Jú me ajudou a descobrir meus poderes. Eu sabia que podia me transformar em quimera, mas não sabia como ou por que, e nem fazia ideia do que eu poderia ser. Eu treinava todo o dia, tentando aperfeiçoar minha técnica, mas era bem complicado. Um pouco antes de você transformar Anna em sapo, eu já conseguia fazer bolas de fogo do tamanho de bolas de basquete.
- Então você fingia não saber usar o fogo, não é? – deduzi, a voz fria. – Porque quando eu via você treinando com Max, você parecia só saber fazer bolas do tamanho de uma de tênis.
Percebi que fiz com que ele se sentisse mal, e lá no fundo senti uma dor aguda, mas a ignorei. Ele mentira não apenas para mim, mas também para Max, que o treinara pensando que era um novato. Isso fez a raiva crescer dentro de mim.
- Por que fez isso? – sussurrei. – Por que não nos disse que já sabia lançar bolas de fogo? Pelo menos assim pouparia Max de ter o trabalho inútil de te treinar.
- Mas ajudou bastante o treinamento que ele me deu! – ele se defendeu. – Consegui evoluir muito!
- Então não foi tão inútil assim! – meu tom era de zombaria.
Quando terminei de falar, o que vi me machucou profundamente. Uma expressão de profunda mágoa tomou conta dos olhos de Sam por um instante, mas logo desapareceu, e eles se tornaram impassíveis.
Olhei de relance para Max, ao meu lado, mas seu rosto estava tão impassível quanto o de Sam.
Virei-me para Jú.
- E você?
Ela me olhou friamente, mas depois respondeu:
- Depois que Sam começou a treinar, também descobri meus “poderes”. Percebi que podia ler a mente das pessoas e correr como o Flash. Quanto a habilidade com arco e flecha...eu só descobri depois de  algum tempo, e deduzi que era uma arqueira, mas não tinha certeza. Só mesmo com no QG que descobri mais sobre mim.
Ela parou de falar e desviou o olhar para as árvores.
- Resumindo, vocês dois mentiram e nos enganaram o tempo todo. Estão até parecendo...
- ...você. – completou Jú.
Mordi o lábio.
- Como puderam fazer isso? - falei.
- Você não pode falar nada! Escondeu que era uma feiticeira o tempo inteiro! - Sam retrucou.
- E nem se preocupou em nos contar! - ajuntou Jú.
- Mas depois eu contei! - eu disse.
- Só porque viu que nós íamos descobrir! Amigos não escondem segredos, Safíra! - Jú murmurou.
- Como se você tivesse muita moral para dizer isso, Juliana – retruquei, furiosa. - Amigos não têm segredos, né? Mas vocês dois esconderam um de mim o tempo inteiro!
- E você não? - Sam perguntou, a voz fria. - E você não escondeu nada de nós, Safíra? Você nunca cumpriu o combinado que tínhamos feito sobre não ter segredos!
- Nem vocês!
- Safí, Jú, Sam, acalmem-se! – ouvi Max falar. – Vocês não precisam brigar! Os três erraram, e ainda cometeram o mesmo erro, o que facilita que entendam um o que o outro sentiu. São grandes amigos, admiro muito a amizade de vocês. Todos os amigos brigam, é normal. Mas o mais importante é o perdão.
Nenhum de nós respondeu, todos ficamos nos encarando, pensando no que Max dissera. Ele estava certo, mas me dei conta de uma coisa.
 - Já que não cumprimos o que combinamos desde o começo como nossa regra de amizade, ou seja, não ter segredos, acho que é porque não somos amigos!
Fiquei esperando que eles não concordassem, mas me decepcionei. Vi que Jú secou as lágrimas e me lançou um olhar. Percebi um brilho que não reconheci e ela disse, com uma firmeza de qual eu nunca tinha ouvido:
- Também acho!
Achei que meu coração fosse se despedaçar.
Olhei para Sam e vi que ele tinha os punhos cerrados, suas mãos envoltas por uma bola de fogo. Quando ele me olhou, percebi que ele também tinha um brilho diferente nos olhos.
- Concordo!
Ele só disse isso, mas foi o suficiente para acabar comigo. Esperava que ele não concordasse. Mas continuei firme e forte, apesar de também derrubar lágrimas.
- Então tá! - eu disse.
Virei-me e sai da floresta, Max atrás de mim, cabisbaixo. Jú e Sam também foram embora, mas para o outro lado. Nesse momento, me dei conta de que eu já vira aquela cena antes. Não exatamente aquela, mas uma bem parecida. Eu sonhara com ela no dia em que encontrara a biblioteca.
Droga. Meu pesadelo virara realidade.
Assim que sai da clareira, me escondi atrás de uma árvore e escorreguei até o chão. Recolhi as pernas até o peito e as abracei, repousando o queixo sobre os joelhos. Max se deitou ao meu lado e ficamos quietos por um tempo. Lágrimas rolavam pelo meu rosto, mas não movi as mãos para enxugá-las.
- E agora? – Max indagou, quebrando o silêncio.
Demorei para responder.
Repassei a briga em minha mente, lembrando-me de cada movimento, cada palavra. Cada olhar.
Não conseguia acreditar que realmente tivéramos aquela briga. Achei que fôssemos amigos! Mas, infelizmente, parecia que não éramos.

Minha mente vagou, vários pensamentos e lembranças tomando forma. Desde quando eu entrara na Goode, de como ficara quieta no meu canto no começo do primeiro dia. De como ficava rabiscando na borda do caderno, até que uma garota de pele escura e um sorriso no rosto se aproximou e perguntou se eu era nova. De como fiquei feliz quando fomos juntas para o intervalo e ficamos vendo os meninos da nossa sala jogarem basquete. De como fomos dar parabéns a um garoto de cabelos castanhos e começamos a conversar sobre coisas que gostamos. De como me senti acolhida quando nos falávamos e ficávamos juntos no intervalo. E de como me senti parte do grupo quando fomos à pizzaria, eu e eles, e fizemos um pacto de que seríamos sempre amigos e que não teríamos nenhum segredo entre nós.
Lembranças não paravam de invadir minha mente, e continuei revivendo muitos momentos que tivera com Jú e Sam, até que tomei minha decisão.
- Agora – falei, respondendo a pergunta que Max me fizera - vou terminar a busca - limpei as lágrimas e me levantei. - Vou para a caverna de Morlogol conseguir o chifre de minotauro. Se eles não vão me ajudar, não tem problema. Vou sozinha.
- Não. Eu estou junto com você.
Voltei-me para ele, e me ajoelhei para abraçá-lo, sorrindo.
- Obrigada, Max!
Ele me lambeu e juntos saímos do bosque. Peguei minha varinha e nos teletransportei para uma montanha perto da caverna. Lá, descansamos.
Fechei os olhos para dormir, e novamente as lembranças me invadiram. Já era tarde da noite quando consegui adormecer, e lá no fundo um pensamento surgiu.
Será que os Jú e Sam estão pensando em mim assim como estou pensando neles?
Não sei como, mas algo me dizia que sim.
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Aqui está! Aproveitem. Até a próxima!! Bjs, Carol :3