Assim que acabou a aula, fomos todos para a minha casa no carro do meu pai.
Ao chegarmos, mostrei aos meus amigos toda a casa. Jú achou incrível meu quarto e Sam adorou o escritório do meu pai.
Depois de comer, eu os levei para conhecer a biblioteca secreta. Assim que entramos, os dois abafaram um grito de surpresa. Ficaram maravilhados com a quantidade de livros, pois, assim como eu, os dois adoravam ler.
Mostrei para eles vários livros interessantes, e eles amaram.
Depois disso, comemos e começamos a trabalhar. Fiquei no sótão treinando o feitiço de teletransporte, e Jú e Sam ficaram na biblioteca secreta pesquisando mais sobre os ingredientes.
Já era tarde da noite quando foram embora.
Em instante adormeci, pois, apesar da ansiedade, tinha sido um longo dia.
°°°
Era sábado, e eu estava me arrumando para ir a Magia High School. Era desse jeito: de segunda a sexta eu ia a Goode e nos fins de semana e ia a minha escola no Reino. Se eu não me cansava? Esse seria o normal, mas no fim sempre fazemos um feitiço para nos recuperar do cansaço, porque senão ninguém aguenta e, como somos metade humanos, também temos nosso limite.
Continuando, terminei de me arrumar e fui tomar o café da manhã.
Sentei-me na mesa e olhei sem ver para os ovos mexidos que estavam no meu prato. Eu estava meditando de novo.
Eu tinha conversado com minha avó sobre o nosso plano. Ela contou para meus pais e eles aprovaram, pois este seria um desafio para testar a minha sobrevivência no mundo afora, minha independência. Agora, eu só tinha de convencê-los a fazer um feitiço que manteria os pais de Sam e Jú ocupados.
Como se tivesse lido minha mente – o que obviamente fez - minha mãe estendeu a mão sobre a mesa e tocou meu braço. Na hora, eu voltei à realidade. Ah é, esqueci de dizer: o toque de um feiticeiro quebra imediatamente a meditação.
- Filha, não sei é uma boa ideia...
Ela trocou um olhar com meu pai e ele disse:
- Não sei, Safíra, é arriscado demais...
- Por favor! Assim os dois vão poder ir comigo. Eles querem ir!
- Filha, vai ser muito perigoso dois seres humanos enfrentar os desafios de um feiticeiro – minha mãe explicou.
- Eu também acho, mas eles querem se arriscar e ir comigo. Não vão me deixar ir sozinha atrás dos ingredientes. Devo isso a eles pelo tempo que escondi o nosso segredo. Por favor! – implorei.
Meus pais se entreolharam e não pareciam muito convencidos. Olhei para minha avó, na ponta da mesa, em busca de ajuda. Para o meu alívio, ela me apoiou.
- Sei que é perigoso para eles, mas já são bem grandinhos e devem assumir os riscos. E sinto que aqueles dois serão uma ótima companhia para Safíra. O garoto é inteligente e corajoso e a garota é determinada e esperta. Os dois são mais do que aparentam ser.
Olhei espantada para minha avó. O que é que ela estava dizendo? Meus amigos não eram humanos? Como assim? Eu nunca tinha percebido nada diferente neles. Pareciam pessoas normais. Nada é o que aparece ser, minha avó sempre dizia, e eu e minha família éramos a prova viva disso.
Minha avó leu o meu pensamento e sorriu.
- Há mais coisa sobre o passado de seus amigos do que você esperava, Safíra. Quando deixarem seus instintos os dominarem, você vai se impressionar. Por enquanto não fale com eles sobre isso. Na hora certa, você descobrirá a verdade e terá que encará-la frente a frente.
Eu estava em estado de choque. Não ouvi quando Ruby e Max soltarem juntos um “Demais!” nem meus pais se levantando da mesa e muito menos minha avó me confortando dizendo que seria uma grande aventura descobrir a verdade sobre Jú e Sam.
Então senti uma mão em meu ombro e ergui a cabeça. Encontrei o olhar da minha mãe e ela disse:
- Safíra, eu e seu pai vamos ver o que podemos fazer a respeito dos pais dos seus amigos.
Sorri, agradecendo, e me levantei. Tinha de ir à escola.
Peguei minha mochila e fui para o quintal da minha casa com um pensamento em mente: Jú, Sam, que outros segredos vocês escondem?
°°°
Você deve estar se perguntando como vou para o Reino. É simples. Temos que ir a um lugar espaçoso – no meu caso, o quintal da minha casa - pegar a varinha e murmurar “Nost takk!”. Assim um portal vai se abrir e pronto.
O Reino da magia é um lugar incrível. Imagine uma cidade normal, com lojas, parques, pessoas e seus bichos de estimação e carros. O Reino é bem parecido, tirando o fato de que nas lojas as roupas das lojas vêm voando em sua direção; os parques são cheios de criaturas mágicas, as pessoas tem varinhas e seus bichos de estimação falam e, assim como os carros, voam.
Acho que agora você já tem alguma ideia de como é.
Meus pais deixaram Ruby, Max e eu na Magia High School.
Ruby foi para seu pátio e eu fui para o meu.
Eu e Max estávamos andando pelo pátio quando, por instinto, me virei rapidamente para trás e me vi olhando para minha melhor amiga feiticeira, Âmbar.
- Eu desisto! Algum dia ainda conseguir te dar um susto – falou ela, sorrindo.
Também sorri. Todo o feiticeiro tem uma grande habilidade única, e a minha é que, apenas uma vez em um bilhão, eu era pega de surpresa. Resumindo, quase nunca. A habilidade de Âmbar é a velocidade em que ela corria. E sempre tentava me assustar usando essa velocidade. Conhecíamo-nos há três anos, e ela nunca tinha conseguido. Mas ela não desistia.
- Veremos! – respondi. – Mas sua velocidade é incrível!
- Obrigada, Safí – disse ela, e me abraçou. – Senti muita saudade!
- Eu também!
- Tenho tanta coisa para te contar...
Ela começou a falar, e eu ouvia a tudo o que ela dizia, até que em um momento parei de prestar atenção, e fiquei pensando que também tinha muita coisa para contar a ela. Tinha acontecido tanta coisa desde a última vez que nos vimos... Eu tinha virado adolescente e transformado uma garota em sapo; e, por causa disso, meus amigos tinham descoberto que eu era feiticeira; e depois de amanhã eu estaria viajando ao redor do mundo para procurar por ingredientes de uma das poções mais complicadas de se fazer, na companhia de um cachorro mágico e meus dois amigos que eu descobrira recentemente que não eram humanos... Em poucos dias, minha vida tinha virado de ponta-cabeça.
Âmbar deve ter percebido que eu não estava mais escutando, porque parou de falar, colocou a mão em meu braço e perguntou:
- O que aconteceu, Safí? O que está escondendo?
Surpresa, percebi que ela tinha repetido as mesmas palavras que Jú quando Sam terminou de descrever que meus olhos tinham ficado... Qual palavra ele tinha usado? Ah, sim...vazios, porque eu tinha meditado na frente deles.
Soltei um suspiro e disse:
- Amby, se eu te contar o que aconteceu, você promete que não vai insistir em me acompanhar?
Ela hesitou, mas, no fim, concordou.
- É que...Bem, é que aconteceu uma coisa... - e lhe contei tudo. Quando terminei, ela suspirou e disse:
- Você não vai deixar mesmo eu ir com vocês?
- Não, Amby.
- Mas não tem nada em que eu possa ajudar? – perguntou ela.
- Bem, agora que você falou... Acho que tem, sim.
- Sério? Como? – de repente, ficou mais animada.
- Olha. Você pode nos ajudar durante a viagem. Posso fazer Colapsus e perguntar alguma coisa que eu precisar saber. Então, você aceita?
- Sim, é claro! Obrigada, Safí! – ela exclamou, me abraçando.
- De nada! – e ouvi o sinal tocar. – Agora, vem, vamos para a aula!
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Desculpa!!! Tenho estado muito ocupada, mas agora nas férias vou conseguir postar com mais frequência e compensar o tempo que fiquei sem postar. Aproveitem, porque semana que vem tem mais! Bjs, Carol =D
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