segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Capítulo 26 = Novas pessoas, novas histórias...uma identidade revelada


Jú nos guiou pelos túneis, e o único som que ouvíamos era o de nossas botas batendo no chão. Eu me agasalhara novamente, a capa que minha mãe nos dera cobrindo nossas costas.
Minha amiga abria passagens que eu nunca imaginaria que existissem, e nos levou até um compartimento maior. Estava vazio, e Jú se agachou e pegou uma pequena pedrinha no canto. Ela a atirou com força no centro da caverna e, de repente, flechas e lasers apareceram do nada e a atingiram, e o que restou da pedra foi um minúsculo amontoado de pó.
Ela trocou um olhar comigo e com Sam, e vimos que ela estava determinada a atravessar a caverna para chegar ao outro lado, onde eu não via nada – a única saída era por onde nos havíamos vindo -, mas tinha certeza de que devia ter uma porta escondida. Sempre tinha, e se não, Jú faria com que achássemos alguma. Ela sempre fazia.
Mas o principal: como ela conseguiria atravessar aquela caverna sem virar poeira?
Minha pergunta não demorou a ser respondida.
Sem aviso, Jú saiu correndo em direção ao outro lado. Eu e meus dois companheiros abafamos uma exclamação. Flechas e lasers caíam rápidos sobre ela, mas ela desviava com habilidade. Como se fizesse isso a vida toda.
Em pouco tempo, chegou ao outro lado. Ela nos olhou, triunfante. Com o pé direito, deu um chute em um lugar exato na parede; depois, disse-nos:
- Podem vir, as armadilhas já estão desativadas – e para comprovar o que dizia, ela trocou um olhar com Sam e, já que não tinha nenhuma pedrinha a vista, ele arrancou um pedaço da parede da caverna – como se fosse a coisa mais fácil do mundo -, e atirou no centro do compartimento.
Esperamos a pedra se desintegrar, mas nada aconteceu. Depois disso, criamos coragem e, hesitantes, cruzamos a caverna. Soltei um longo suspiro quando chegamos ao outro lado intactos.
Sam deu um tranco com força na parede, e senti a caverna tremer. Uma parte dela desmoronou, e no que restou, Jú tamborilou os dedos e a parede se abriu, exibindo uma passagem.
Soltei outro suspiro, mas dessa vez me sentindo magoada e excluída. Sentia-me cada vez mais longe dos dois. Como se eles tivesses um segredo, e nunca tivessem me contado. Pareciam cada vez mais unidos, ou contra mim ou a favor de um deles. Sem nunca me incluir.
Max notou meu suspiro e me olhou preocupado. Fiz um gesto quase imperceptível dizendo que falaria depois. Ele assentiu e se encostou de leve em minha perna, o que eu sabia que equivalia a um abraço. Dei um sorriso fraco, e então senti alguém se aproximar e segurar minha mão. Surpresa, ergui o olhar e vi que em minha frente, me olhando apreensivo, estava Sam.
- Está tudo bem? – ele indagou.
Eu assenti, dando o meu sorriso fraco que dera para Max.
Ele não pareceu convencido, mas não insistiu. Deu um meio sorriso e seguiu em frente sem soltar minha mão, me puxando. Max andava atrás de nós, pensativo.
Pude ver Jú logo à frente, e não precisei ver seu rosto para saber que ela estava admirada com a rede de túneis que seguíamos.
Andamos pelo que me pareceu uns vinte minutos, até que minha amiga parou. Havíamos chegado até uma caverna quase tão grande quanto a em que Forthern ficava. Nos juntamos a ela e nós quatro ficamos boquiabertos com o que vimos.
- Como achou esse lugar? – perguntei.
- Puro instinto – ela respondeu, com um grande sorriso no rosto.
A caverna estava cheia de tendas de um tom claro de marrom, que facilmente podiam ser confundidas com as paredes do lugar.
Várias pessoas caminhavam, na maioria homens, todas vestidas com capas e botas marrom-escuras. Um deles se aproximou e disse, a voz grossa:
- Mostrem a marca.
Na hora, nem eu, nem Sam ou Max entendemos. Vi a confusão nos olhos de Jú, mas ela rapidamente foi substituída pela compreensão, e ela ergueu a manga do casaco, deixando o antebraço direito à mostra. O homem ergueu a mão até a aljava que levava nas costas e pegou uma flecha. Encostou sua ponta no braço de Jú e fechou os olhos. Era bem afiada, e parecia que iria furá-la, mas não foi isso que aconteceu.  Instantes depois, a marca dos arqueiros apareceu no antebraço dela. Ele abriu os olhos, assentiu e, ainda com a flecha na mão, voltou o olhar para mim e Sam.
- Estão comigo – Jú exclamou rapidamente.
O homem se virou e encarou-a nos olhos. Os olhos negros dela encontraram os verdes dele, e os dois ficaram se olhando, um analisando o outro, pelo que me pareceu uma eternidade.
Finalmente, ele franziu a testa e falou:
- Sigam-me.
Levou-nos até uma das tendas, e no caminho vários olhares se voltaram para nós.
- Senhora – o homem falou com alguém dentro da tenda – ela está aqui.
- Deixe-a entrar.
Ele fez um gesto para que entrássemos, e assim fizemos.
Notei alguma mobília lá dentro, mas meus olhos se voltaram para a mulher no centro. Devia ter no máximo quarenta anos, e tinha longos cabelos ruivos, com olhos verdes. De estatura média e pele clara, ela era muito bonita. Usava uma capa marrom escura – assim como os outros que havíamos visto – e carregava uma aljava cheia de flechas em um ombro e um grande arco no outro.
Seu olhar se voltou para Jú e ela sorriu.
- Seja bem-vinda, Juliana. Meu nome é Jane. Estávamos à sua espera.
°°°
Minha amiga franziu a testa.
- À minha espera? Por quê?
- Já faz algum tempo que seu pai nos falou sobre você, e temos esperado por sua vinda. Ele foi um de nossos melhores arqueiros, e nos ajudou muito. Lutou em batalhas e salvou muita gente. Foi um incrível guerreiro – e Jane acrescentou mais baixo – e um grande amigo.
Jú mordeu o lábio inferior.
- Você diz tudo no passado, como se meu pai não fosse mais arqueiro...
- Em uma de suas missões, ele conheceu sua mãe, e os dois se casaram. Depois que você nasceu, ele pediu “demissão”. Seria mais seguro para você se ele não precisasse ficar o tempo inteiro saindo em missões. No dia em que veio se despedir, disse que mesmo que ele não fosse mais arqueiro, sua filha seria. Seu pai viu, no momento em que você nasceu, a marca dos arqueiros em seu braço, e soube que você continuaria o trabalho dele. Agora você está aqui, e pode fazer isso.
Ela fez um sinal para o homem que nos trouxera para a tenda e ele se aproximou. Os dois trocaram um olhar e ele assentiu, depois andou até um baú e pegou uma muda de roupa, junto de um arco e uma aljava cheia de flechas. Ele deu as roupas para Jú e os instrumentos de arqueiro para Jane.
A arqueira se virou para Jú e disse:
- Vá se trocar. Connor, mostre-lhe onde fica o vestuário.
O homem assentiu e saiu da tenda, seguido por minha amiga.
Então, Jane se virou para mim, Sam e Max.
- E vocês? O que os trouxe aqui?
Percebendo que ninguém estava muito disposto a responder, eu disse:
- Viemos aqui porque estamos em uma busca para achar os ingredientes de uma poção. Um deles conseguimos aqui no Monte Everest, com Forthern. E Jú sentiu que aqui era o QG dos arqueiros, então viemos com ela.
A arqueira nos analisou com o olhar, e depois respondeu:
- Os três já devem ter notado algumas diferenças no comportamento da amiga de vocês, e daqui para frente isso só vai aumentar. Ela ficará muito confusa, e precisará de toda a ajuda possível. Uma das habilidades de um arqueiro é que ele consegue conhecer alguém só de olhar nos olhos desse alguém. Quando vi Juliana, soube que ela seria uma arqueira tão valente quanto foi o pai dela, e no momento em que olhei para vocês três, feiticeira, mago-animal e cão, percebi que vocês todos tem um grande futuro, principalmente vocês dois – e ela olhou para mim e Sam. – São inteligentes e corajosos, e ainda superarão muitos desafio e obstáculos pela frente. E a você, Max, cabe o dever de garantir que ajam com sabedoria, e não deixar que sejam levados pelas emoções.
Ele assentiu.
Nesse momento, Connor e Jú entraram na tenda. Notei que Jú usava a roupa de arqueiro, que por sinal caíra muito bem nela. Era incrível como ela parecia se misturar ao tecido da tenda, assim como Jane e Connor, só que com a minha amiga o impacto era maior, por causa de sua pele escura, quase do mesmo tom da roupa. Ela usava uma blusa de manga curta e uma calça certas no corpo, botas de cano alto sem salto e uma capa com capuz. Notei o olhar sério que ela tinha, e me lamentei por um momento, sentindo falta da garota engraçada e alegre que eu conhecia. Rapidamente me recompus, pois não queira que ninguém notasse. Era pedir demais, pois tinha três pessoas dentro da tenda que conseguiam saber o que eu pensava, uma pessoa que sabia o que eu sentia e outra que me conhecia tão bem que também podia fazer isso. Todos notaram, e isso me fez corar. Mas foi o olhar de Jú que realmente me impressionou. Como se ela também sentisse falta dessa antiga garota e...
- Aqui está, Juliana – a voz de Jane interrompeu meus pensamentos. Ela entregou a Jú o arco e a aljava que segurava. – São para vocês.
Com os olhos brilhantes, Jú os pegou e agradeceu. O arco era feito de madeira, uma bem resistente, e sua corda era negra, da mesma cor das flechas. A arqueira mais velha sorriu e disse:
- Agora está na hora de vocês comerem.
Nesse momento, senti minha barriga roncar, e não só a minha, mas a de Sam e Jú também.
Connor nos levou para uma tenda que deveria ser o refeitório. Comemos até estarmos satisfeitos e fomos nos despedir de Jane.
- Boa sorte na busca de vocês. Se precisarem de ajuda, podem contar com os arqueiros.
°°°
Em todo o caminho por dentro da montanha ficamos em silêncio, cada um com seus pensamentos. Quando percebi, já estávamos do lado de fora.
- Para onde vamos agora? – perguntou Max, animado.
Consultei minha lista.
- Vamos atrás dos 10 pêlos de duende. Na biblioteca, eu tinha encontrado que a vila dos duendes fica no fim do arco-íris. É verdade, só que essa é a mais conhecida, assim como também é a mais difícil de chegar. Nós teríamos que encontrar um grupo antigo de feiticeiros no Congo, para nos ensinar um feitiço para fazer aparecer um arco-íris mágico, pois não é qualquer um que nos leva até a vila. Eu me lembrei de outra, uma de mais fácil acesso. Ela fica no sul da Irlanda, em uma cidade chamada Cork.
- Ah, eu conheço – comentou Sam. – Lembra aquele trabalho que fizemos na Goode? Aquele em que nós tínhamos que escolher uma das cidades da Irlanda? Você escolheu Waterford, a Jú, Limerick e eu, Cork.
- Aham – eu sorri, as lembranças vindo em minha mente.
- Vamos então! – falou Max, ansioso.
Sam assentiu, sorrindo também, e Jú concordou com um leve movimento de cabeça.
Peguei minha varinha e nos teletransportei para Cork.
Eu não fazia ideia do que estava prestes a acontecer.
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Oie! Desculpem a demora. Aqui está o capítulo! Podem comentar ^^''' Bjs, Carol =)



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Capítulo 25 = A minha vida ou as garras de dragão: escolha difícil...

Contei aos amigos sobre minha conversa com Forthern, e sobre o desafio que ele havia me proposto.
- E você aceitou?! – perguntou Jú, perplexa.
- Aham. Eu não tinha escolha! – me defendi.
- Tinha sim! – retrucou Sam. – Você podia muito bem não aceitar. Desse jeito, poderíamos te ajudar a derrotar o dragão e arrancar duas de suas garras.
- Mas agora que você aceitou o desafio, vai ter que se virar sozinha! – ajuntou Max.
- Vocês acham que eu não consigo?! – respondi, irritada. – Há pouco tempo atrás, vocês dois nem sabiam que tinham poderes! Max, você viu o tanto que vovó vem me treinando, e como sempre passo nos testes da Magia High School! Eu sou capaz de derrotar um dragão sozinha!
- Será? – indagou Jú, sombriamente.
- Safí, você não consegue lidar direito com seus poderes ainda – Max me alertou. – Ainda está aprendendo a controlá-los.
- E você não vai conseguir transformar Forthern em um sapo – completou Sam, irônico.
Brava e irritada, cerrei minhas mãos em punho. Eu lhes mostraria que era melhor do que pensavam. Eles veriam quem é que não conseguia se virar sozinha.
Disparei na frente, me controlando para não fazer nenhuma besteira. Forthern me dissera que nos veríamos ao pôr do sol e, por instinto, eu sabia que faltava apenas uma hora para o sol se pôr.
Eu não sabia para onde estava indo, mas não parei, nem mesmo quando ouvi as vozes de meus amigos me chamando. Senti meus amigos se aproximarem rapidamente, e Jú apareceu em minha frente, depois Max e logo em seguida, Sam. Não era justo que todos eles tivessem supervelocidade e eu não.
Surpresa, percebi que Jú não tentou ler minha mente, apenas me olhava, preocupada.
 - Safí, não fique brava - ela pediu, a voz suave. – Desculpe, é que nós só estávamos dizendo o que pensamos. Nenhum de nós gostou da ideia de você ter que lutar sozinha contra um dragão, principalmente o maior do mundo. Não vai ser nada fácil ver você arriscando sua vida e não poder fazer nada, apenas olhar.
- Jú, Sam, Max, eu que cometi o erro de transformar Anna em sapo e, consequentemente, revelar a existência de feiticeiros. Eu deveria estar fazendo essa busca inteira sozinha, como castigo por não me controlar. Vocês já fizeram muito por mim, e eu agradeço de verdade. Mas agora é minha vez. Minha vez de pôr em pratica tudo o que eu venho aprendendo há 13 anos.
- Safí...
Eu dei um sorriso fraco, mas que pareceu tranquilizá-los.
Nisso, fechei os olhos e senti. O sol estava se pondo. Olhei para meus amigos. Estava na hora de encontrar o dragão.
°°°
Safíra, a voz de Forthern ecoou em minha mente.
Forthern, onde você está?
No centro da montanha. Toque as paredes, sinta meu poder e poderá me encontrar.
Pisquei, desorientada, quando ele saiu da minha cabeça.
- E aí? Onde ele está? – indagou Max.
Respondi e fiz o que o dragão me pediu. Toquei uma das paredes e pude sentir o imenso poder do dragão. No momento em que seu poder entrou em contato com o meu, eu soube para onde ir.
- Vamos. Já sei onde está.
Era um labirinto de túneis, e qualquer um se perderia facilmente ali. Mas eu sabia exatamente aonde ir.
Andamos até chegar a uma caverna maior, onde eu não conseguia ver o teto. Entramos e nos deparamos com o maior dragão que eu já vira. Ele tinha um tom vermelho escuro, com olhos tom de fogo e garras gigantes. Seu olhar pousou sobre nós e pude notar que ele não era tão grande quanto o Monte Everest, mas tinha o tamanho de um prédio de 15 andares.
Você veio, ouvi sua voz em minha mente.
Sim.
Pronta para a luta? Ainda pode desistir.
Olhei para meus amigos. Eles pareciam ouvir nossa conversa e eu sabia que eles queriam que eu desistisse para poderem lutar lado a lado comigo. Balancei a cabeça, determinada, e olhei para o dragão.
Não vou desistir.
Tirei minhas luvas e meus casacos, e com um estalo de dedos, voltei a ficar com a roupa que eu estava quando saímos de Manhattan: calça jeans e camiseta. Não estava frio, pois o fogo do dragão esquentava a caverna.
Peguei minha varinha e me preparei.
Pronta?, Forthern me perguntou.
Pronta.
°°°
Foi tudo muito rápido.
Em um segundo, eu lancei um raio em Forthern enquanto ele me atacava com fogo. Esquivei-me dando uma mortal para trás, e notei que ele nem pareceu sentir meu raio.
Droga. Teria que pensar em outra coisa.
Por algum tempo, fiquei apenas desviando de seus ataques. Ele era ágil, mais do que seria o normal para um dragão velho como ele, só que eu era mais rápida. Você pode comparar nossa luta se pensar que eu era a mosca irritante e Forthern, o humano que tentava me acertar.
Pulei quando ele atirou fogo, por pouco não me acertando. Continuei desviando, saindo de seu alcance até que tive uma ideia.
Guardei minha varinha no bolso da calça, corri em direção as costas de Forthern e comecei a escalá-lo. Ele virou a cabeça em minha direção e, com as mãos, tentou me atingir. Pulei para o lado, e sua mão passou raspando por mim. Foi tudo bem até chegar ao meio de suas costas. Desviei de ser esmagada pelas mãos dele, mas percebi que caíra em uma armadilha. Fui acertada pela outra mão. Forthern me jogou longe, e amorteci a batida com um campo de força. Não sei como sobrevivi ao impacto, mas desmoronei até o chão, o que não foi grande coisa, já que eu fora jogada a 5 metros do chão, mas doeu. Muito.
Ouvi meus amigos abafarem uma exclamação, e começaram a correr em minha direção, mas Forthern barrou a passagem. Comecei a me arrepender por ter aceitado o desafio dele, mas logo apaguei esse pensamento e tentei me levantar. Minhas costas doíam muito, e peguei minha varinha. Sussurrei rapidamente um feitiço, e a dor diminuiu. Depois de guarda-la, notei que ele me encarou, seus olhos penetrantes, e sustentei seu olhar. A intensidade quase me fez desviar, mas não deixei isso acontecer. Enquanto isso, eu pensava em um plano.
Um surgiu em minha mente, e embora pensando que fosse um pouco idiota, coloquei-o em prática.
Sua mão estava bem perto de mim, a dois metros. Eu queria pular em cima dela, e quase certeza de que ele a levantaria, fazendo com que ficássemos cara a cara.
Na maior velocidade que eu conseguia, corri até sua mão e saltei em cima. Isso pareceu surpreendê-lo, mas ele fez exatamente o que pensei que faria.
Forthern levantou a mão até ficar cara a cara comigo. Com cuidado, fiquei em pé e o encarei. Seus olhos cor de fogo ainda olhavam com grande intensidade, e vi meu reflexo neles. Meus olhos estavam ficando de um azul escuro, quase pretos. Surpresa, notei que não estava cansada, muito pelo contrário, me sentia disposta.
Devo admitir que você é persistente, Safíra. Mas quero ver seu poder. Mostre-me do que é capaz.
Franzi as sobrancelhas. Movi a mão até minha varinha, mas parei na metade do caminho. Lembrei-me de algo que minha avó me dissera: eu era muito forte, e a varinha aumentava meu poder, mas que sem ela teria quase tanto poder quanto, senão mais. Justamente por serem os mais difíceis, os feitiços feitos com as mãos eram os mais poderosos.
Sem aviso, Forthern lançou fogo em minha direção. Só houve um jeito de escapar: pulando em direção ao chão, o que seria o mesmo que pular de um prédio, ou seja, era suicídio. Mas era ou isso ou virar cinzas. O que eu fiz? Saltei. Ouvi meus amigos abafando exclamações e gritando, mas não me importei. Tinha que me concentrar em fazer uma coisa: não morrer.
Com as mãos, fiz aparecer uma prancha de skate sem rodas sob mim. Com ele, voei para o alto de novo. É, ele voa. Eu gostava de andar de skate, mas o voador era melhor. Muito mais divertido.
Comecei a girar em torno do dragão, dando ataques rápidos. Não pareciam fazer efeito nele, mas o deixaram irritado. Começou a disparar fogo para todo o lado, tentando me atingir. Com isso, ele começava a se cansar. Voei até ficar novamente cara a cara com ele. Cerrei as mãos em punho. Era a hora do golpe final.
°°°
Fechei os olhos e me concentrei. Reuni todo o meu poder, e o transferi para minhas mãos. Quando senti que estava pronta, abri os olhos. Notei assustada que Forthern lançava fogo sobre mim, mas que não me atingia, pois eu estava cercada por um campo de força.
Nesse momento, não sei como, o fogo do dragão se dividiu. Metade ainda tentava me atingir, mas a outra parte foi em direção a meus amigos. Percebi que eles não conseguiriam se defender, pois eu aprendera que o fogo de dragão era o mais poderoso de todos, até mesmo que o da quimera. Pensei em fazer um escudo para protegê-los, mas, se eu fizesse isso, o meu campo se desintegraria e eu seria atingida.
Eu tinha poucos segundos antes que o fogo acertasse Max, Sam e Jú. Hesitei, mas foi apenas por um instante. Meus amigos eram pessoas muito importantes para mim. Eu não deixaria que se machucassem. Dei uma última olhada nos três. Sam estava na frente dos dois, em posição defensiva, encarando o jato que se aproximava, suas próprias mãos envoltas de fogo. Jú estava atrás dele, mas olhava para mim, um olhar firme, que transmitia coragem, como se ela não fosse alvo de uma imensa bola flamejante. Max tinha os olhos fechados, e parecia recitar um feitiço.
Rapidamente, transferi meu campo de força para eles. Não vi suas expressões quando o jato de fogo não os atingiu, pois nesse momento o fogo me envolveu e tudo ficou escuro.
°°°
Acordei tonta, e a primeira coisa que notei foi que eu não virara cinzas.  Sentei-me e olhei em volta. Meus amigos me olhavam, sentados ao meu redor e, em minha frente, Forthern me encarava com seus olhos penetrantes.
Vejo que acordou, feiticeira. Como se sente?
Só um pouco tonta, mas estou bem. Desculpe. Não consegui te derrotar. Vai poder continuar com suas garras.
Forthern me lançou o que parecia ser um sorriso.
Não, você conseguiu.  Mostrou-se digna de leva-las.
Fiquei confusa.
Mas eu não consegui te derrotar, muito pelo contrário, você me derrotou.
Eu não disse que você precisava me derrotar. Falei que você devia provar que era digna, o que você fez ao escolher salvar a vida dos seus amigos à sua. Se não tivesse feito isso, dificilmente teria conseguido, pois mesmo uma feiticeira forte como você teria dificuldade em me derrotar.
Forte? Eu? Ele só podia estar brincando. Eu não era forte...era?
Como foi que sobrevivi a seu jato de fogo?
No último segundo, percebi o que você ia fazer e reduzi o poder do meu fogo de modo que ao ser atingida você apenas apagasse.
Você consegue fazer isso? Quero dizer, reduzir o poder de sua chama?
São poucas as coisas que não consigo fazer.
Sorri e olhei para meus amigos. Eles haviam ouvido nossa conversa e agora me olhavam, aliviados.
- Você está bem? – indagou Max.
- Aham.
-Sentimos muito por ter duvidado de você, Safí – desculpou-se Sam. – No fim, você nos salvou, e eu realmente não acho que teria conseguido conter aquele jato.
- Não se preocupe – lhe lancei um sorriso tranquilizador.
Ele sorriu de volta. Olhei para Jú e ela repetiu tudo o que Sam falou, mas com o olhar. Ela tinha que me ensinar a fazer aquilo.
Max me deu uma lambida carinhosa, o que eu sabia que valia mais que palavras, e ele queria dizer que estava feliz por eu estar viva.
Nos levantamos e caminhei em direção a Forthern.
É aqui que nos despedimos, Safíra, a voz dele ecoou. Leve minhas garras e use-as com sabedoria.
Você tem a minha palavra.
Em seu pé esquerdo duas garras sumiram magicamente, e elas surgiram em minha frente. Eu as peguei – elas pesavam mais do que parecia - e segurei-as com força, tendo em mente a preciosidade dos dois objetos que carregava naquele momento. Elas eram quase da minha altura, mas, apesar disso, não demonstrei desconforto.
Canaro zaloi!
O pote com os ingredientes surgiu. Ele pareceu perceber o tamanho dos ingredientes que estavam prestes a entrar dentro dele e sua abertura se alargou. Coloquei as garras dentro dele e o fiz sumir.
- Zaloi canaro!
Forthern me olhava com aprovação, e um sorriso surgiu em meu rosto.
Nos despedimos e, quando saíamos, ele me disse, sem que os outros ouvissem:
Até o fim dessa busca, você ainda enfrentará duas grandes batalhas, e terá que pensar e fazer a coisa certa para vencê-las. As duas estarão de algum jeito interligadas, de modo que uma dependerá da outra para ser ganha ou não. As coisas vão sair um pouco do controle, e será seu dever consertá-las. Até algum dia, Safíra.
Assenti, um pouco confusa.
Até, Forthern, e saímos da caverna.
 - Agora só faltam dois ingredientes: os 10 pêlos de nariz de duende e o chifre de minotauro – comentei.
- Mas, antes disso, temos outra coisa a fazer – lembrou Jú, sorrindo.
- Temos? – eu, Sam e Max indagamos ao mesmo tempo.
- Claro que sim! Está na hora de conhecer os arqueiros.
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