Olhei de Jú para Sam e baixei os olhos. Eu tinha que encarar os fatos. Meus amigos sabiam que eu estava escondendo alguma coisa e que era algo muito importante. Eles me contavam tudo, todos os seus segredos – ilusão minha. Tínhamos combinado uma vez que nunca esconderíamos nada uns dos outros, mas eu nunca cumprira a esse combinado. Pelo contrário, toda a minha vida era uma ilusão para eles, pois eu mentira para os dois desde o momento em que dissera que eu era como eles. Eu havia mentido sobre quase tudo. Sobre minha família, sobre meus compromissos, sobre minha vida. Sobre o que sou. Eu não gostava de mentir, pelo contrário, eu odiava! No entanto, mentir era o que eu mais tinha feito desde que soube quem eu era. Desde que soube o que eu era.
Porém, é necessário, Safí, a voz de Max soou em minha cabeça.
Olhei para os dois. Eles eram meus melhores amigos. Eu confiaria a eles a minha vida. Essa foi um das únicas coisas que eu havia dito a eles e que não era mentira: que são muito importantes para mim.
Então, tomei minha decisão. Eu os conhecia muito bem – pelo menos era o que achava. E eles tinham direito de me conhecer também.
- Olha, vou contar uma coisa a vocês, mas precisam prometer que não vão contar a ninguém!
Os dois se entreolharam, e vi um brilho no olhar dos dois, que na hora não identifiquei. Depois olharam pra mim e assentiram.
Suspirei, e comecei a explicar:
-Desde que nos conhecemos, tenho mentido para vocês sobre o que eu realmente sou. Por mais que pareça, não sou como vocês. Não sou como ninguém nessa escola.
Sam franziu a testa.
-Como assim?
- Não sou humana.
- Claro que não é! Isso já não ficou óbvio?
A voz estridente de Anna penetrou em meus ouvidos. Então, me virei e vi que ela se aproximava.
- O que você quer dizer com isso? – perguntei, meus olhos faiscando de raiva.
- Você é uma idiota, Safíra. Admita.
- Não tanto quanto você, Anna. Agora você pode me dar licença? Tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar discutindo com uma menina chata e arrogante como você – meus amigos se levantaram e nós começamos a ir embora quando Anna disse:
- Você é idiota mesmo, Safira. Igual aquele formigueiro que você chama de família.
Fiquei com muita raiva. Ela podia zombar o que eu visto, podia me xingar, mas ninguém –e digo ninguém mesmo- tirava onda com a minha família, e ainda por cima, pra mim!
Acalme-se, Safí! Ela só está dizendo isso pra te provocar!,ouvi a voz de Max.
- Retire o que disse, Anna – ouvi Jú ameaçar, sua voz fria como gelo.
- E dê o fora! – sibilou Sam, os olhos quase pegando fogo.
Mas Anna os ignorou completamente.
A raiva e o ódio fervilhavam juntos dentro de mim. Ela não ia se safar dessa vez. A voz de Max implorava para eu me acalmar, mas eu o ignorei completamente.
- Vou te ensinar uma coisinha, Anna, que acho que você ainda não aprendeu. Anota aí, bem grande pra você não esquecer: Quem mexe com fogo, SE QUEIMA!
Enfiei minha mão no bolso da calça e tirei de lá minha varinha. Percebi que uma roda de alunos tinha se formado em torno de nós e me olhavam, assustados, assim como Jú e Sam. Mas não me importei. Estendi minha varinha em direção a Anna e gritei:
- Raisen corene!
Minhas mechas começaram a brilhar, e uma luz azul saiu da ponta de minha varinha e a envolveu. Ela começou a gritar. De repente, a luz cessou e, no lugar de onde ela estivera, um sapo coaxava.
Todos olharam horrorizados, de mim para Anna. Só então percebi a gravidade do meu erro. Agora todos os feiticeiros estavam correndo o risco de serem descobertos, por minha culpa! Lágrimas lutavam para cair, mas eu as segurei com força. Vi que a maioria dos alunos saiu correndo, gritando, e que os mais atrevidos se aproximavam, curiosos.
Sem pensar, apontei minha varinha para todos os alunos e gritei:
-Gare heeldvig! - e todos, assim como os que estavam correndo, congelaram.
Não aguentei mais e as lágrimas começaram a escorrer furiosamente por meu rosto, e sai correndo. Ouvi meus amigos me chamando - havia me esquecido deles-, mas eu os ignorei.
Meu único pensamento era: minha vida acabou!
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E aí? Gostaram da surpresa? Quero dedicar esse texto à duas pessoas: ao meu amigo Leo, que me deu a ideia de colocar desenho nos post mais interessantes, e minha amiga Tatah, que fez esse desenho maravilhoso. Valeu mesmo, gente! E eu gostaria de indicar 3 blogs, que pertencem às minhas amigas, para vocês entrarem e curtirem:
Já li e gostei muito deles, e acho que vocês vão gostar também.
Continuem lendo, pois logo vou postar o próximo capítulo. Bjs, Carol =9
