A parede se abriu e Max entrou, acompanhado por Jú e Sam. Mesmo que já tivessem visitado a biblioteca, os dois ficaram sem fôlego ao olhar as grandes estantes de livros. De repente, me senti um pouco irritada, me perguntando por que meus pais nunca haviam me falado sobre esse lugar, mesmo sabendo que eu adorava ler.
Respirei fundo e me controlei.
Os três caminharam em minha direção e Jú comentou:
- Esse lugar é incrível, não é?
- Aham – concordei. – Como me acharam?
- É fácil te achar, Safí. Sempre que você some, é porque está ou no sótão ou aqui. – explicou Max, simplesmente.
“Nota mental: Tentar não ser tão prevísivel!”, pensei.
- Você está aqui desde que horas? – indagou Sam.
- Eu acordei às 5h.
O garoto consultou o relógio.
- Você está aqui há uma hora. Não cansa de ler, né, Safí? – ele perguntou, sorrindo.
Retribuí o sorriso.
- Tenho mesmo que responder?
- Não – e nosso sorriso se alargou.
Então Max se aproximou e declarou:
- Já está ficando tarde! Temos que ir! – e saímos da biblioteca. Chegamos à cozinha e vi que meus pais, minha avó e minha irmã esperavam sentados na mesa. Nunca gostei de despedidas, mas fui em direção a eles. Primeiro, encarei meu pai.
Percebi que ele tinha os olhos molhados, mas era de emoção. De orgulho.
- Boa sorte, filha! – ele exclamou, me pegando em um abraço de urso que achei que fosse quebrar minhas costelas. Depois de me soltar, continuou – Vai lá, querida! Faça aqueles monstros se arrependerem de terem entrado no seu caminho! Mostre que é uma feiticeira de verdade!
- Mas ainda não sou uma feiticeira de verdade, pai. Sou uma em treinamento. Não sou tão forte e...
- Eu e sua mãe não a deixaríamos ir se não confiássemos em sua capacidade. Você pode ainda ser uma em treinamento, mas é uma feiticeira, e uma muito boa, por sinal. Lembre-se: não demonstre medo diante das trevas, porque elas vão usar dele para acabar com você.
Não gostei muito ele ter dito isso.
- Quer dizer que não posso ter medo? – perguntei.
- Não, pois só os tolos não têm medo. Só o que te peço é para enfrentá-lo. Não deixar que ele te domine. Seja valente, pois quem tem a maior coragem é quem consegue enfrentar seus medos, ficar frente a frente com eles. E nunca se esqueça, Safíra: eu te amo muito!
- Também te amo, pai – e o abracei.
Então me virei para minha mãe. Percebi que ela também tinha água nos olhos.
- Filha, quero que saiba que tenho muito orgulho de você! – disse ela, me olhando nos olhos. E acrescentou – Está preocupada com sua luta com Morlogol, não está?
- É... – respondi. – Não se como ganhar uma luta dessas, mãe. Ele é muito poderoso! O professor Hermes disse que ele domina o nível mais forte de magia negra.
- Mas você já aprendeu várias técnicas de defesa contra as artes das trevas. Se unir tudo o que sabe, tenho certeza que você vai dar um jeito.
- Mas ele é um feiticeiro de magia negra, o ódio e o rancor fortalecem os poderes dele! Eu não vou ter chance!
- Basta você ter amor e felicidade no coração que as trevas se enfraquecem. Nunca desista, filha. Lute com a mente e o coração, e verá qual será o resultado. – Ela me encarou por alguns segundos e comentou – Minha garotinha cresceu tanto! Te amo muito, querida!
- Eu também, mãe! – Ela me beijou no rosto e me abraçou.
- Fique com isso, filha – e ela me deu uma capa de lã azul escura com um capuz. – Assim poderá se esquentar.
- Obrigada, mãe.
Prendi a capa no pescoço, e fui falar com Ruby.
- Vai fundo, cabelo azul! Acredito em você!
- É bom saber disso, pimentinha! Te amo! – e dei um beijo na bochecha dela.
- Também te amo, mana. Você pode me prometer uma coisa?
- Claro, garota. O que é?
- Me promete que você vai voltar?
Meus olhos se encheram de lágrimas.
- Porque – ela continuou – se você não voltar, com quem eu vou poder implicar todo o dia?
Não consegui segurar uma risada, e ela sorriu.
- E então? Promete?
- Prometo, Ruby.
O sorriso dela se alargou, e me perguntei se eu conseguiria cumprir essa promessa.
Por último, falei com minha avó.
- Quase tudo o que eu ia dizer, seus pais já disseram, Safíra, mas ainda tem algo que quero te dizer. Confie em si mesma, porque se não confiar, quem poderá? – e acrescentou mais baixo, para ninguém ouvir. – Quanto aos seus amigos, acredite neles. Possuem um grande coração e estão dispostos a sofrer por você. Tente entender o lado deles da história, e não somente o seu.
- Ok, vó – respondi, confusa.
- E lembre-se: a ajuda vem dos lugares mais inesperados! Te amo muito, querida!
- Eu também!
Depois disso, passei pela porta da cozinha e fui para o quintal. Iria usar o teletransporte para seguir para o nosso primeiro destino. Notei que Jú e Sam também tinham ganhado capas de lã, a de Sam, verde, e a de Jú, marrom.
Peguei minha varinha e dei uma última olhada para minha casa e minha família. Não tinha certeza se conseguiria cumprir a minha promessa a Ruby. Não sabia se voltaria a vê-la de novo. Senti uma pontada no coração. Eu estava triste, mas enfrentaria as consequências dos meus erros e partiria. Combateria as trevas de cabeça erguida.
Senti duas mãos em meus ombros e algo puxando minha calça. Um sorriso brotou em meus lábios. Eu não estava sozinha. Tinha Max, Jú e Sam ao meu lado.
Então apertei a varinha e disse:
- Teleportus!
Senti a tensão das mãos de meus amigos, e Max se encostou em minha perna. Todos começamos a brilhar e desaparecemos.
Tente entender o lado deles da história, e não somente o seu.
O que minha avó quisera dizer com isso?
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Demorou mais chegou, né? kkkkkkkkk Obrigada a todos que leem minha história! Fico feliz de saber q vcs estão gostando! Bjs, Carol 8-D
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